MANAUS – Hoje, Dia Mundial da Água, o Fórum das Águas do Amazonas, com as suas organizações e parcerias, quer mostrar a importância da água para a vida humana e para o ecossistema planetário. A partir deste lugar sagrado, que é o Encontro das Águas do Rio Negro com o Rio Solimões, vislumbramos as águas amazônicas nas suas diversas cores e confluências. Acompanhando o abraço das águas, vemos que os diferentes podem se unir formando um espetáculo de beleza colossal. O ser humano e o meio ambiente estão profundamente interligados em constante sintonia.
A Amazônia e muitos dos seus povos possuem experiências de convivência respeitosas com a natureza, possibilitando o desenvolvimento humano, cultural e científico sem colocar em risco a sociobiodiversidade. Para essas sociedades, as águas são fontes de inspiração e relações harmônicas e equilibradas.
Nesta convivência biosociocultural, a natureza é mãe e aliada. Trata-se de uma interação que gera vida e aprendizado coletivo. A água é um bem essencial e comum à vida e a tudo, devendo ser preservada e respeitada pelas pessoas, organizações e governos.
Infelizmente, na nossa sociedade capitalista e utilitarista as águas são diariamente agredidas por intervenções que visam ao lucro egoísta e à exploração sem medida. Elas são vistas cada vez mais como moeda de troca e reconhecida somente por aquilo que beneficia a sociedade consumista em que vivemos. Uma sociedade autocentrada, que ignora a importância da alteridade para a sua evolução.
O Encontro das Águas é constantemente ameaçado por projetos desequilibrados que favorecem ao desenvolvimento predatório e agressor, sem beneficiar as populações ribeirinhas e prejudicando a biodiversidade, o equilíbrio ecossistêmico, o valor paisagístico e um valioso conjunto arqueológico presente na região.
Nossos rios e igarapés são regularmente agredidos por um modelo urbano inadequado, desigual e segregador. A indústria, o agronegócio e o garimpo ilegal que representam o suposto “progresso” provocam a morte desses corpos hídricos, promovendo poluição, deteriorando a vida de milhares de espécies animais e adoecendo seres humanos. O esgotamento sanitário em Manaus, submetido à ideologia da privatização, é apenas uma falácia no discurso da concessão privada, que engana a população há quase três décadas.
A água potável, sendo transformada em objeto de lucro para beneficiar a empresa de saneamento, perdeu seu status de direito humano, sendo disponibilizada somente para quem pode pagar, gerando uma multidão de excluídos (mulheres, indígenas, jovens, negros e pobres), tudo isso lamentavelmente com o apoio dos poderes públicos. Controlado pelos empresários e financistas globais, em Manaus o saneamento básico perdeu seu caráter democrático, tornando-se privilégio de poucos. Isso é inadmissível!
O Fórum das Águas não se cala diante de todas essas agressões! Por isso, convocamos toda a sociedade, com suas organizações, lideranças e pessoas comprometidas, a unir-se conosco neste grito pelas águas e pela vida.
Organizações participantes da romaria das águas
- SARES – Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental
- Habitat para a Humanidade Brasil
- AMA – Articulação de Mulheres do Amazonas
- AMARN – Mulheres Índíena Alto Rio Negro
- ARATRAMA – Articulação Amazônica dos Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiro de Matriz Africana
- ASIC- Associação Semeando Integração e Cidadania
- ASOVEAM – Associação dos Trabalhadores Venezuelanos do Amazonas
- Associação comunitária do João Paulo ll
- Associação de Desenvolvimento Sócio Cultural Toy Badé – ATB Lissánon Jonathan Azevedo de Souza
- Associação do Conj. Habitacional Flamanal
- Associação Quilombo do Tambor
- Associação Uirapuru – Kokama
- ASSOLOM – Associação de Luta Organizada por Moradia
- ASV – Amazônia Sempre Viva
- AVCA – Associação Vida e Cidadania na Amazônia
- Centro Social Bela Vista – Puraquequara
- CCZP- Conselho Comunitário do Zumbi dos Palmares
- CEBs regional Norte 1
- CMDMC – Clube de Mães Dr. Mario Cunha
- Coletivo Aliança Todos Pelo o Gigante.
- Coletivo de Mulheres da Educação
- Comissão da Ecologia Integral da Arquidiocese de Manaus
- Comunidade Nossa Senhora das Graças (Bairro Terra Nova)
- Conselho de Leigos e Leigas da Arquidiocese de Manaus
- CRAMER – Centro de Referência e Amparo à Mulher Mãe Celia Colares
- CRB – Conferência dos Religiosos do Brasil do Regional Norte 1
- DANDARA – Movimento de Mulheres Negras da Floresta
- Equipe Itinerante
- Escola Municipal Francisca Nunes
- FIO CRUZ – Instituto Leônidas e Maria Deane – ILMD/Fiocruz Amazônia
- GAYA – Instituto Gaya da Amazônia
- IAS – Instituto America do Sul
- ICEAB – Instituto Central das Associativas do Brasil
- IIG – Instituto Ingrid Guilherme
- Instituto Casa da Mamãe
- Instituto Sumaúma
- IRCA – Instituto Raízes Cabocla
- Levante Popular da Juventude
- MAMA – Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia
- MMUM – Movimento de Mulheres Unidas por Moradia
- MNLM – Movimento Nacional de Luta pela Moradia
- Movimento Socioambiental SOS Encontro das Águas
- Parque Municipal Nascente do Mindu
- Projeto Militância Jurídica
- Rede um grito pela vida
- Remada Ambiental
- SIES – Serviço Inaciano de Espiritualidade
- Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Amazonas
- SJMR – Serviço Jesuíta aos Migrantes e Refugiados
- TÓRO DUUGU – Nações de Povos indígenas
- UNMP-AM – União Nacional por Moradia Popular
Manaus, 22 de março de 2024.
Sandoval Alves Rocha Fez doutorado em ciências sociais pela PUC-RIO. Participa da coordenação do Fórum das Águas do Amazonas e associado ao Observatório Nacional dos Direitos a água e ao saneamento (ONDAS). É membro da Companhia de Jesus, trabalha no Intituto Amazonizar da PUC-Rio, sediado em Manaus.
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