Na passagem por Manaus, o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Mangabeira Unger, mais uma vez rezou a ladainha que acompanha a classe política brasileira e alguns setores do empresariado que não consegue pensar um projeto de desenvolvimento para a Amazônia: o velho e cansado discurso do “aproveitamento da biodiversidade” da floresta. O filósofo Mangabeira, no entanto, usa termos mais sofisticados para tentar impressionar os incautos. Afirmou que o Modelo Zona Franca de Manaus “pode ser considerado um vanguardismo na Amazônia”, mas precisa se fortalecer. “Eu entendo que a Amazônia pode ser uma vanguarda do novo projeto produtivista do país e é por isso que estou aqui. A Zona Franca de Manaus pode ter a vocação de um novo vanguardismo na Amazônia, que reúna empresas de ponta, consciência e tecnologia, não apenas dependendo das multinacionais”, defendeu o ministro. O discurso é excelente, mas falta prática dos governantes, tanto no âmbito federal quanto no estadual e no municipal. O Amazonas, em 12 anos de existência da Fapeam (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas) não foi capaz de apontar caminhos, através do conhecimento, para o desenvolvimento da região. Da parte do governo federal, sempre foram escassos os recursos para pesquisa e inovação, em grande medida porque não há projetos que justifiquem tais investimentos. Boa parte das pesquisas sobre a biodiversidade amazônica foram financiadas por organismos internacionais, que sempre mostraram-se mais interessados do que as autoridades brasileiras na exploração das riquezas da região. Mangaeira Unger já esteve por aqui outras vezes, já disse absurdos sobre a Amazônia, e nunca apresentou projeto algum de desenvolvimento para a região, nos longos anos em que atuou no governo central, pelo PSDB e agora pelo PT de Lula e Dilma. O que ele vem fazer aqui é apenas tentar dar ao governo uma sombra de credibilidade. No entanto, repete o discurso cansado das autoridades.