Peço licença jornalística para citar um episódio pessoal e familiar, mas tenho certeza de que ele ajuda a compreender o título acima.
Acordei cedo, neste sábado, animado para ir à Ponta Negra com as crianças, duas meninas de 10 e 8 anos de idade. Haveria ali uma corrida patrocinada por uma indústria da Zona Franca de Manaus. Coisa rara, diga-se. As crianças estavam animadas desde a noite anterior, quando souberam que iríamos à Ponta Negra. O dia acordava nublado e desencorajava, mas não às duas. Acordaram cedo para tomar café da manhã, se arrumaram e partimos, eu, minha mulher e as duas filhas mais novas.
Trânsito bom para um sábado às 8h, horário da saída do São José, na zona leste, rumo à zona oeste. Até a bola do cruzamento da Avenida Coronel Teixeira com a Avenida do Turismo, nada de estresse no trânsito. Na bola, os agentes de trânsito fecharam a passagem para os carros que queriam seguir na Cel Teixeira, obrigando o motorista a pegar a direita e seguir pela Avenida do Turismo. O rumo? ninguém sabia. Na pista em sentido contrário, um congestionamento quilométrico. Como chegar na Ponta Negra? Ninguém sabia e nem havia a quem perguntar. Ninguém para dar orientação, nenhuma placa informando qual trajeto seguir. Desisti. Segui pela Avenida do Turismo, Aeroporto Eduardo Gomes e voltei pra casa.
As crianças chorando. A manhã que seria para relaxar, se transformou em estresse.
No twitter do Manaustrans, uma mensagem, às 8h36, exatamente o momento em que passamos pelo local: “Atenção condutores! Neste momento acontece a corrida pedestre na Av. Cel Teixeira na área da Ponta Negra. A via se encontra sinalizada. Reduzam a velocidade e sigam a orientação dos agentes”.
A pista estava sinalizada, mas não havia qualquer orientação dos agentes.
O que fez o Manaustrans, neste sábado, na Ponta Negra, é uma amostra do que realmente é esse órgão da Prefeitura de Manaus: um complicador do trânsito. O Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização do Trânsito não tem nada de engenharia e fiscaliza pouco.
Uma cabeça pensante, nem precisa ser engenheiro, poderia prever que fechar a via ali na confluência da Coronel Teixeira com a Avenida do Turismo seria uma barbeiragem, como realmente foi. O fluxo de veículos era tão pouco que não havia retenção na Coronel Teixeira no sentido centro-bairro.
A impressão que o Manaustrans deixa é de que seus dirigentes e seus agentes não sabem dirigir. As intervenções são “burras”, servem mais para atrapalhar do que para ajudar na fluidez.
Em nome de que a via na Ponta Negra foi fechada, sem orientação para quem queria chegar na região, só os iluminados do Manaustrans podem responder.
Mas se o instituto fecha vias indiscriminadamente, o desafio a fechar um cruzamento que melhoraria o trânsito em outro ponto da cidade: na Avenida André Araújo com a Rua Gabriel Gonçalves. Aquilo, sim, precisa de intervenção definitiva. Depois da construção da alça na Rotatória do Coroado para quem quer retornar na André Araújo, não faz mais sentido o motorista fechar uma das duas pistas da via para converter à esquerda na Gabriel Gonçalves. E quem sai de Petrópolis pela Avenida Paulo VI, também não precisa entrar à esquerda na André Araújo. Pode seguir à direita até a rotatória e fazer o retorno.
Já batemos nessa tecla algumas vezes, mas uma medida como essas, que beneficiaria boa parte da população de Manaus, não é boa para as autoridades do Judiciário e da Secretaria de Segurança que estão instaladas ali ao lado.
Outro problema no trânsito que merece intervenção é a rotatória do Coroado e a saída da Avenida das Torres na Cosme Ferreira. Talvez ali seja necessário a instalação de semáforos. Por que não? Em Tóquio, no Japão, há semáforos em baixo de viadutos.
No caso do Complexo Viário do Coroado, batizado de Gilberto Mestrinho, os engenheiros trânsito acharam tão complexo que fizeram uma montanha de titica. Com o fluxo mais intenso de quem sai da zona leste pela Cosme Ferreira, o ideal era que a passagem subterrânea fosse para quem segue da Cosme Ferreira para a André Araújo, com uma esquerda para a Avenida Rodrigo Otávio. Mas os engenheiros preferiram fazer o contrário: quem vem da Rodrigo Otávio é que tem passagem livre para a Efigênio Sales com esquerda para a André Araújo, uma via subutilizada, se considerado o fluxo no complexo Gilberto Mestrinho.
Quem criou o problema deveria, agora, apresentar solução.
Os artigos publicados neste espaço são de responsabilidade do autor e nem sempre refletem a linha editorial do AMAZONAS ATUAL.
A falta de capacitação e conhecimento técnico é gritante no Manaustrans, Manaus tem a pior sinalização de trânsito. Todas as sinalizações estão IRREGULARES, não existe sinalização vertical e horizontal REFLETIVA. Semáforos antigos e com iluminação precária. Blocos de concreto que são proibidos pelo Contran são colocados nas vias públicas sem pintura refletiva. Os agentes de trânsito incapacitados atuando somente de dentro do carro multando. O site deste órgão não tem um sistema disponível para reclamações, e quando o cidadão faz a reclamação pelo 0800 não informam número de protocolo. Este órgão tem a necessidade de se fazer uma reciclagem completa e aplicar um curso de atendimento ao cidadão (cidadão é aquele que paga impostos, e impostos é usado para pagar a remuneração destes servidores).