Da Redação
MANAUS – Manaus é uma das 85 cidades em que empresas de transporte coletivo foram atingidas com a crise econômica durante a pandemia da Covid-19, afirma a ANTU (Associação Nacional de Transportes Urbanos). Segundo a entidade, 52 empresas suspenderam a prestação de serviço ou estão sob intervenção ou recuperação judicial em todo o país.
Em Manaus, a empresa Açaí Transportes encerrou suas atividades. No dia 8 deste mês, trabalhadores da empresa absorvidos pela Viação São Pedro, paralisaram os trabalhos alegando que não receberam indenização.
De acordo com a ANTU, os prejuízos acumulados pelas empresas e pelos poderes públicos alcançam R$ 21,37 bilhões desde março do ano passado. A previsão é de que, sem políticas de apoio ao setor, as tarifas de ônibus aumentem 50% no próximo ano.
Em Manaus, paralisações de rodoviários são constantes. Eles reclamam da falta de pagamento de direitos trabalhistas. No caso da Açaí Transportes, a empresa declarou falência e deu início ao processo de recuperação judicial, em setembro.
A situação, segundo ANTU, ocorre em todo o país. Desde janeiro de 2020 foram registrados 333 movimentos grevistas, protestos e manifestações que ocasionaram a interrupção da oferta de serviços em 98 sistemas. A associação também registrou demissão de 87.497 neste mesmo período no país.
Além da dificuldade para pagar os trabalhadores, o maior problema das empresas neste momento é o custo do óleo diesel, que representa 26,6% do valor do transporte público.
“ANTU adverte que a falta de políticas de apoio ao setor, principalmente por parte do governo federal, e a manutenção das atuais regras dos contratos de concessão podem levar a um aumento de pelo menos 50% nos preços das tarifas de ônibus em todo o país a partir de janeiro do ano que vem, quando começam as revisões tarifárias previstas em contrato”, alerta associação.
A pandemia foi o que desestabilizou ainda mais a crise no sistema de transporte. A demanda atual de passageiros é, na média nacional, 37,3% menor que a do período pré-pandemia; já a oferta atual é apenas 16,6% menor que a média anterior.
A Associação Nacional de Transportes informa que em todo o país, 98 sistemas de transporte público por ônibus foram atingidos por 333 movimentos grevistas, protestos e/ou manifestações que ocasionaram a interrupção da oferta de serviços; na maior parte dos casos, os motivos principais foram a redução/interrupção da oferta de serviços e a incapacidade das operadoras de pagarem salários e benefícios aos colaboradores devido ao desequilíbrio econômico-financeiro.
Até o momento, seis operadoras encerraram suas atividades; 15 operadoras e 1 consórcio suspenderam as atividades; 5 operadoras, 1 consórcio operacional e 1 sistema BRT (RJ) sofreram intervenção na operação; 5 operadoras tiveram seus contratos suspensos; 2 operadoras tiveram seus contratos rescindidos; o contrato de 1 empresa operadora caducou; e
Outras 12 operadoras e 3 consórcios encontram-se em recuperação judicial, uma medida jurídica utilizada para evitar a falência da empresa.
A tarifa pública (cobrada do passageiro) é atualmente de R$ 4,04 na média nacional. Em Manaus, permanece R$ 3,80 desde 2017.
O ATUAL solicitou posicionamento do Sinetram (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros) sobre a situação do setor, mas não obteve resposta até a publicação da matéria.