
Do ATUAL
MANAUS – Manaus é a capital no país com maior acesso de moradores a espetáculos de dança, mostra a pesquisa Cultura nas Capitais. Os shows são frequentados por 32% da população – a média nacional é de 24%.
Manaus também aparece na pesquisa com índices superiores à média das capitais na frequência dos moradores a atrações culturais como cinema (52% contra 48%), festas populares (41% contra 36%) e concertos (13% contra 8%).
A pesquisa coletou dados nas 26 capitais e no Distrito Federal em 2024 foi coordenada pela JLeiva Cultura & Esporte que ouviu 19,5 mil pessoas. O estudo teve apoio do Itaú e do Instituto Cultural Vale por meio da Lei Rouanet, de incentivo à Cultura. Em Manaus foram entrevistadas 600 pessoas, de todas as regiões do município.
Em 2017, entre 12 capitais, entre 12 atividades culturais pesquisadas, em seis houve queda na frequência do público em Manaus. A média nacional foi de queda em 11 eventos.

Festa do Boi
O Festival de Parintins é a maior festa cultural do Amazonas e movimenta Manaus em junho. De acordo com a pesquisa, 23% dos manauaras que participaram de festas populares nos últimos 12 meses afirmaram ter ido à festa do boi – é o maior índice entre todas as capitais brasileiras e muito acima da média nacional, de apenas 4%.
Outros 21% dos entrevistados de Manaus consideram a festa do boi o evento cultural mais importante da cidade.
Um dos ícones culturais do país, o Teatro Amazonas é citado por 20% dos manauaras como o principal espaço cultural da cidade. O espaço é conhecido por 99% dos moradores da cidade.
Com exceção da Fortaleza de São José (99% dos moradores de Macapá já ouviram falar dela), nenhum outro espaço tem um grau de conhecimento tão alto em seu município — o Theatro da Paz, por exemplo, é conhecido por 97% dos moradores de Belém; o Museu do Ipiranga, por 95% dos moradores de São Paulo; o Museu do Amanhã, por 91% dos cariocas; e o Memorial JK, por 86% dos moradores de Brasília.

Chama a atenção também a democratização do acesso ao teatro em Manaus: 69% das pessoas que foram a apresentações teatrais nos espaços da cidade afirmam que não pagaram ingresso, quase o dobro da média das capitais (35%). É também a capital onde mais gente vai sozinha ao teatro (19%), indicando um comportamento cultural autônomo e enraizado.
Museus e estilos musicais
O acesso a museus também revela singularidades: 25% dos visitantes vão sozinhos, frente a 17% da média das capitais. Além disso, moradores de outras dez capitais citaram museus de Manaus como os últimos que visitaram, sinalizando o potencial turístico-cultural da cidade.
Musicalmente, a população de Manaus demonstra ser eclética: gospel (28%), sertanejo (26%), rock (25%) e MPB (24%) aparecem entre os estilos preferidos pela população. O percentual de rock coloca a capital como a mais roqueira entre as capitais do Norte (a mais próxima é Belém, com 18%).
Cultura e bem-estar
A população manauara valoriza a cultura como espelho da identidade local: a cidade está entre as capitais onde mais pessoas (83%) consideram importante que a programação cultural aborde a realidade local. Essa valorização se reflete também na prática artística: 26% dizem já ter escrito romances, contos ou poesias, e 25% afirmam praticar ou já ter praticado artes plásticas, desenho ou grafite, indicando um ambiente criativo ativo e diverso.
Outro traço marcante é a relação entre cultura e bem-estar: a maioria dos entrevistados associa a prática cultural à melhoria da qualidade de vida e defende maior investimento público na área.
Metodologia
Nesta edição da pesquisa foram ouvidas 19.500 pessoas com idade a partir de 16 anos, de todos os níveis socioeconômicos, entre os dias 19 de fevereiro e 22 de maio de 2024. As pessoas foram abordadas pessoalmente em pontos de fluxo populacional.
Os pesquisadores foram distribuídos por 1.930 pontos de fluxo (entre 40 e 300 por capital), em regiões com diferentes características sociais e econômicas. Os entrevistados respondiam até 61 perguntas, além das relacionadas a características sociais e econômicas (como escolaridade, cor da pele etc.). O instituto responsável pelo estudo é o Datafolha.
Além da pergunta sobre renda, a pesquisa também adotou o Critério Brasil de Classificação Econômica, um instrumento de segmentação econômica que utiliza o levantamento de características domiciliares (presença e quantidade de alguns itens domiciliares de conforto e grau de escolaridade do chefe de família) para diferenciar a população em classes: A, B, C, D ou E.