Da Redação, com informações da Agência Senado
MANAUS – Manaus é a última no ranking de capitais com ciclovias. São apenas sete quilômetros de extensão entre as 19 capitais pesquisadas pelo site Mobilize Brasil. O estudo foi disponibilizado pela Agência Senado. Em primeiro aparece São Paulo, com 468 quilômetros de ciclovias, considerada a maior estrutura da América Latina.
O último levantamento mostra uma malha de 2.542,6 quilômetros nas 19 capitais, mas essa extensão é maior, ainda que não se contabilizem as vias próprias em cidades grandes, como Uberlândia (MG), que abriga 691,3 mil habitantes, e médias, como Macaé (RG), onde habitam 256,6 mil pessoas. O Mobilize cita levantamento publicado pelo site G1 apontando um total de 3.291 quilômetros nas 27 capitais — apenas 3,1% da malha viária total das cidades. Em 2014, a malha das capitais era de 1.414 quilômetros, o que indica um crescimento de 133%.
Essa falta de investimentos é atribuída no estudo Mobilidade por Bicicleta no Brasil, de 2016, do jornalista e ambientalista André Trigueiro, à necessidade de pressões locais para implantação de ciclovias e não necessariamente do pró-ativismo das prefeituras.
Outro ponto é a necessidade de capacitação técnica de prefeituras para a execução de bons projetos. Estudo da Consultoria Legislativa da Câmara aponta que a malha cicloviária no Brasil tem crescido precariamente, devido projetos equivocados e má qualidade de obras. É comum casos de ciclovias que, na linguagem popular, “leva do nada ao lugar nenhum”. Isso decorre de trajetos não pensados para se ligarem a outras ciclovias e aos demais modais de longa distância.
Diante do caráter esporádico de ações que promovam o uso da bicicleta, acentuado a cada mudança de governo, as oficinas e o acordo de cooperação técnica entre governo e ONGs surgem como alternativa para que a questão possa evoluir para um conjunto de providências sistemáticas e continuadas.
Uma lei, Lei 13.724/2018, instituiu o Programa Bicicleta Brasil (PBB) como uma forma de melhorar as condições gerais da mobilidade urbana brasileira. Entre as medidas, o PPB tem como objetivos mais concretos aumentar a construção de ciclovias e a marcação de ciclofaixas e faixas compartilhadas (temporárias) nas pistas de rolagem. Porém, a legislação está completando um ano em outubro e não saiu do papel até o momento.
A lei não cita a proteção aos ciclistas diretamente em seus artigos, a não ser quanto ao estabelecimento de vias intermunicipais “voltadas para o turismo e o lazer”. Entretanto, nos últimos 15 anos, a falta de segurança nas vias levou à morte de 20 mil ciclistas. É o que mostram os dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) que aponta que há 15 anos, o total de ciclistas mortos havia sido de 1.389. No intervalo até 2017, último dado disponível, sofreu algumas variações para baixo e para cima, chegando a 1.668 em 2006, mas situando-se na média anual de 1,4 mil.
Conforme o Ministério da Saúde, 1.306 ciclistas morreram vítimas de acidentes no Brasil só em 2017. E o quadro não tem se alterado significativamente desde 2004, quando o hoje extinto Ministério das Cidades lançou o programa Bicicleta Brasil, reeditado em bases ampliadas na forma de uma lei aprovada em 2018 pelo Congresso e sancionada logo depois pelo presidente da República.
De acordo com o estudo Cidades Cicláveis, publicado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), circulam pelo país cerca de 50 milhões de bicicletas contra 41 milhões de carros. Há uma incompatibilidade de discursos de mobilidade entre o rodoviarismo e o cicloativismo, e os usuários de bicicleta ficam obrigados a pedalar junto aos automóveis, motos, caminhões e ônibus.
Nossas ruas e avenidas tem asfalto de péssima qualidade e além de buracos e ondulações tem também o problema das sinalizações verticais e horizontais irregulares por não estarem usando tinta refletiva. Além do que a falta de arborização. As condições climáticas são prejudiciais à saúde, e não condições de andar de bicicleta. Será que ninguém estudou estas situações ???