EDITORIAL
MANAUS – Nesta quarta-feira, 24, o deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da Câmara dos Deputados, noticiou a criação da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Pavimentação da BR-319. A frente é formada por deputados e senadores do Amazonas e apoiada pelas bancadas de Roraima, Rondônia, Acre e Mato Grosso.
Qualquer iniciativa que contribua para a pavimentação da rodovia que liga o Amazonas ao Brasil é bem-vinda, mas convenhamos, elas não têm resolvido nem ajudado a resolver o problema. É mais uma ação política para “mostrar serviço” ao eleitorado; na prática, nada muda.
A BR-319 está na pauta dos parlamentares do Amazonas e de Estados vizinhos desde a redemocratização do Brasil. José Sarney, Fernando Collor de Mello, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma Rousseff, Michel Temer. Em todos esses governos houve apelos e promessas de pavimentação da rodovia.
A rodovia foi fechada em 1988 por falta de manutenção. Nos governos seguintes, ficou abandonada, até que no governo Lula houve a iniciativa de um ministro para recuperar a estrada. O Ibama exigiu estudos de impacto ambiental e medidas que garantissem a preservação da floresta. Foi então que começou a novela.
Antes da Frente Parlamentar, a BR-318 já teve inúmeras frentes, de senadores, de deputados federais, de deputados estaduais. Organizaram caravanas para percorrer os trechos mais críticos e fazer fotos nos atoleiros. Aqui cabe aquele adágio popular: “Os cães ladram, e a caravana passa”. Dezenas de caravanas e nenhuma medida para mudar a realidade.
Nada mudou em mais de 20 anos de reivindicações pela pavimentação da rodovia que corta um trecho significativo da Amazônia. E não foi por falta de alinhamento com os governos. De Sarney a Bolsonaro, todos tiveram apoio da maioria da bancada do Amazonas. Em todos os governos deputados e senadores do Estado tinham acesso fácil ao presidente da República.
Em 2019, primeiro ano da gestão Bolsonaro, os aliados do presidente voltaram à mesma retórica do “agora vai”. Não foi. Estamos no terceiro ano da gestão do atual presidente, e o que se fez até aqui foi uma licitação para pavimentar 52 quilômetros da rodovia.
O trecho licitado representa 5,8% da extensão da BR-319. O trecho de Manaus ao município do Careiro está asfaltado, assim como o trecho entre Porto Velho, capital de Rondônia, e o município amazonense de Humaitá.
O problema se concentra no trecho do meio, com uma extensão de 405 quilômetros, mais os 52 quilômetros contratados. Para esse trecho do meio, o Ministério da Infraestrutura publicou edital para contratar empresa que elaborará estudos ambientais para a reconstrução e pavimentação (do quilômetro 250 ao 655). Esses estudos foram feitos no passado, mas reprovados pelas autoridades ambientais. Caros e mal feitos.
Quem não acompanha a novela, fica eufórico, achando que desta vez a coisa está andando. Nesse ritmo, chegaremos ao fim deste ano sem a licença ambiental. Se a roda girar, talvez em 2022 a obra seja iniciada.
Mas tudo é incerto até aqui. Como os mesmos discursos já se repetiram dezenas de vezes ao longo da história pós-regime militar, não é prudente comemorar antes da promessa cumprida.
O que ninguém explica, no entanto, é por que a BR-319 não é pavimentada. Até aqui, há apenas um bode expiatório: o Ibama, que dizem, não permite a pavimentação. Mas o fato verdadeiro é que nunca ninguém fez a coisa certa, e todos, desde Sarney, vêm empurrando com a barriga.
O Editorial, também, faz ilações inverídicas. Vou listar para que todos entendam corretamente os eventos: O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, disse que a BR-319 só será concluída no espaço de tempo de 4 anos. Além de não terem ainda concluídos os projetos, uma vez que o pavimento sofrerá elevação do grade para evitar alagamentos e criar espaços para construções de passagens para fauna amazônica, pois, depende da aprovação do IBAMA e de verbas pelo Congresso. Outro ponto relevante, a estrada não é só asfaltamento como muitos tentam passar ao público. No trecho pendente praticamente será construído outra estrada, já que necessitarão de construções das Pontes em concreto ( muitas ainda são de madeiras), a mais larga será no Rio Igapó-Açu, acredito que tenha uns 250 metros de largura, (hoje a travessia é em balsa).Essa extensão toda, chamada de trecho do meio, terá que executar terraplenagem, reforço do subleito, reforço da sub-base, base e a pavimentação asfáltica. Isso, possivelmente ultrapassará o montante de R$1.300.000,00 ( um bilhão e trezentos milhões de reais). Quero chamar atenção que não tem asfalto e muito menos estrada entre Manaus ao Careiro, esse trecho a travessia é realizada por balsa.
É uma obra de grande porte porque tem muitas pendências, mas se quiserem conseguem construir, isso se o PT não botar catinga, que é a primeira barreira devido haver eleições no próximo ano, INFELIZMENTE.