
Do ATUAL
MANAUS — O município de Barreirinha abriga a maior população quilombola do Amazonas, de acordo com dados do Censo 2022 divulgados nesta sexta-feira (9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No território quilombola do Rio Andirá, 1.143 dos 1.330 moradores se autodeclararam quilombolas – 86% da população local.
No Amazonas há 2.812 pessoas quilombolas, o equivalente a 0,07% da população residente do estado. A maioria, 2.388 pessoas (84,92%), vive na zona rural, enquanto 424 (15,08%) estão na área urbana. No Brasil, os dados mostram que 61,71% da população quilombola vive em áreas rurais.
“ Barreirinha concentra a maior população quilombola do estado, especialmente no território do Rio Andirá, o que pode sinalizar a necessidade de investimentos em saúde, educação e infraestrutura para atender a esse público de forma proporcional à sua representatividade”, diz Adjalma Nogueira Jaques, coordenador de disseminação de informações do IBGE no Amazonas.
Outro território quilombola reconhecido no Amazonas é o do Tambor, no município de Novo Airão, onde todos os 88 moradores se autodeclararam quilombolas. Apesar de menor em número, o território de Tambor apresentou maior taxa de alfabetização entre pessoas de 15 anos ou mais.
Entre os municípios com presença de população quilombola fora de territórios oficialmente reconhecidos estão: Itacoatiara, com 352 pessoas, todas vivendo fora de território quilombola; Manaus, com 214 pessoas; Novo Airão, com 196 pessoas, das quais 88 vivem em território e 108 fora; Barcelos, com 83 pessoas, todas fora de território; Alvarães, com 72 pessoas, todas fora de território e Manacapuru, com 4 pessoas, também todas fora de território quilombola.
Alfabetização e infraestrutura
O Censo mostrou que 663 quilombolas com 15 anos ou mais estavam alfabetizados no Rio Andirá, enquanto 34 não sabiam ler e escrever. No território de Tambor, foram registrados 44 quilombolas alfabetizados e cinco não alfabetizados.
A maioria das crianças quilombolas com até cinco anos, tanto em território quilombola quanto fora dele, possuía registro de nascimento em cartório. No Rio Andirá, somente uma criança foi identificada sem registro.
Em termos de infraestrutura, a pesquisa revelou desigualdades: 578 domicílios com ao menos um morador quilombola utilizavam formas precárias ou inexistentes de esgoto sanitário. Apenas 99 estavam conectados à rede geral ou dispunham de fossas sépticas adequadas.
“As condições de saneamento e descarte de lixo nos territórios quilombolas ainda apresentam grandes desafios, já que a maior parte dos domicílios não conta com serviços adequados de esgoto e coleta de resíduos, o que pode afetar diretamente a saúde e qualidade de vida dessas populações”, comenta Adjalma Nogueira.
Dos 677 domicílios particulares com ao menos um morador quilombola no Amazonas, 261 estavam em territórios reconhecidos, majoritariamente na área rural. Fora dos territórios, o número chegou a 416. A média de moradores por domicílio era maior nos territórios quilombolas (4,93 pessoas) do que fora deles (4,48).
Nacional
No cenário nacional, o Amazonas tem a décima maior população quilombola do país. Os estados com os maiores números absolutos são a Bahia (397 mil), o Maranhão (269 mil) e o Pará (234 mil), reforçando a predominância dessas comunidades nas regiões Norte e Nordeste.