Da Redação
MANAUS – Treze peixes-boi resgatados e reabilitados pelo Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia foram devolvidos aos rios do Amazonas na última semana. Os animais foram soltos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus (a 223 km de Manaus).
Essa foi a primeira soltura no Amazonas desde o início da pandemia e a maior já realizada pelo projeto, que é executado pela Ampa (Associação Amigos do Peixe-boi) em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). O projeto tem apoio da Petrobrás.
Inicialmente, a soltura estava programada para abril de 2020, mas precisou ser adiada em função das restrições de circulação de pessoas impostas pela pandemia de Covid-19 e que também levou ao fechamento das unidades de conservação da região.
Em janeiro de 2021, o Amazonas sofreu com uma das maiores enchentes de sua história, que provocou a inundação do lago do semicativeiro onde os peixes-boi ficam para se aclimatar às condições naturais. Em função disso, os animais precisaram ser retirados do lago e levados de volta aos tanques de cativeiro do Inpa, o que também adiou a soltura.
Mais recentemente, com o início da vazante e a redução do número de casos de Covid-19 no estado do Amazonas, os integrantes do projeto iniciaram os preparativos para a soltura, fazendo os exames necessários (de sangue, medição e pesagem) para verificar se os animais estavam com condições físicas e de saúde adequadas para voltar aos rios.
Dos 13 peixes-boi selecionados para essa soltura, com idades entre quatro e 14 anos, cinco receberam cintos transmissores – um equipamento de frequência VHFacoplado no pedúnculo caudal do animal – para que os pesquisadores possam avaliar o sucesso de adaptação às condições do ambiente natural.
Os peixes-boi podem viver por cerca de 60 anos. De acordo com a coordenadora do projeto, Vera Silva, mesmo com atividades de campo interrompidas e as restrições impostas pela pandemia, o número de animais resgatados e levados ao Inpa aumentou em 2020, com a chegada de mais de dez peixes-bois vivos em um tempo muito curto.
“Recuperar a condição física dos animais, a enchente e as restrições da Covid fizeram dessa soltura algo muito especial. Diferente de outras vezes, nessa soltura não tivemos interação com as comunidades ao longo da viagem; mas esse é um cuidado fundamental para a saúde de todos”, afirmou Vera Silva.
Assista ao vídeo da soltura de Mutuca, um dos animais tratados no projeto: