Há alguns anos venho constatando grandes novidades que o futebol brasileiro inventa para despencar no ranking da Fifa.
Uma das boas é a o destemido Marin, presidente da CBF, convocar a “renovada” seleção brasileira, repetidas vezes, atrapalhando a fase final do Brasileirão, e com um só propósito: treinar para vencer a Alemanha, em Berlim, em fevereiro ou março de 2015.
Que show de visão!
O meu Flamengo, o clube de futebol com maior torcida que existe, dizem que apenas três urubus à frente do Nacional e com pesquisa feita pelo Ibope, acaba de dilacerar a minha imensa paciência.
A “Diretoria Maior” do Mengão resolve acatar mais uma decisão do cientista da bola, o Vanderlei Luxemburgo. O Luxa, após a sensacional vitória sobre o pacato Internacional, chocou os torcedores amazonenses com a notícia, retirada a ferros do seu pesquisado cérebro, de que viria para o jogo de sábado, em Manaus, contra o desesperado Botafogo, com os seus reservas.
— Ai meu Deus! Como serão os reservas do Flamengo, exclamou o Astrid Rony de Bell. Deveremos ver uns louros altos, fortes, olhos azuis, pernas longas e fortes, todos com um preparo físico melhor que o do Alain Delon nos idos de sessenta.
— Que nada, meu querido Astrid, os reservas que o Luxa quer trazer para jogar na Arena da Amazônia, o melhor e mais lucrativo estádio do Brasil, são os mirrados moreninhos do Rio de Janeiro, misturados com os menores e mais destacados reservas que os times argentinos e paraguaios mandam para o Brasil através de espertos procuradores [contorceu-se o Pelé, e continuou com aquela voz melosa].
— E os torcedores amazonenses, Astrid? Esses lesos e abestados que pagaram R$ 250,00 (100 dólares) após uma fila de dois dias e com a chuva lavando os cabelos oleados.
A minha conversa com o Astrid, com quem eu fiz um trabalho de sociologia com nota estrelada, já ia atravessando a Happy Hour, quando lembramos de consultar o Dr. Félix Valois, uma espécie de Zorro do Direito, o defensor dos fracos e oprimidos, que traz na sua bagagem e no seu moderníssimo MacBook Pro toda a velocidade que o seu raciocínio e inteligência inigualáveis exigem. Enquanto o Luxa, o Marin e o Dunga atentam contra a nossa paciência e bolso, estamos correndo para o escritório do Mestre Félix.
Algumas coisas perguntarei ao Mestre Félix, fastiano extremado e detentor de várias medalhas de prata, pois ninguém lembra do último título do Fast. O Orleans e o Cláudio Nobre, apesar de reconhecer o Cláudio como o mais competente dos dirigentes da nova geração, também não lembram. Vamos lá que as colocações para o mestre serão:
— Mestre, o senhor lembra do Barcelona e do Real Madri jogarem com os seus reservas contra o Levante, no precioso Campeonato Espanhol?0
— Mestre, o senhor lembra de alguém que tenta se meter no bolso dos fiéis torcedores do Flamengo e do futebol como um todo, e se dar bem, levando para uma cidade com 3 milhões de habitantes, um time para enganar?
— Mestre, o timaço do Flamengo está no décimo primeiro lugar, no paupérrimo Campeonato Brasileiro, longe da Boa Zona, quilométricos onze pontos e, bem pertinho da Zona da Confusão, como diz o Genial Luxa, apenas nove pontos. Nove pontos equivalem a três vitórias ou derrotas. Vale a pena processarmos o Flamengo pela Lei dos Direitos do Consumidor?
— Por último, Grande Mestre, o Senhor acha que o meu flamenguinho vai ganhar do Botafogo que só tem seis torcedores? Que eu saiba, Mestre, são eles: o Tio Adal, o Amazonino, o Murilo Rayol, o Porfírio, o Carlos Braga e o Paulo Figueiredo. Pelo amor de Deus, o senhor acha que o Menguinho do Luxa pode ganhar?
Estou esperando os conselhos do Mestre do Direito no Amazonas, mas estou apostando na sua resposta:
— Vai te catar, Robertinho! O único lugar onde se desrespeita a fonte de mel do futebol é no Brasil.
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Roberto Caminha Filho, nacionalino, odeia as espertezas do Luxa.