CURITIBA – O ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque afirmou ontem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “tinha pleno conhecimento de tudo, tinha o comando” do esquema de corrupção instalado na estatal petrolífera. A declaração foi dada em depoimento ao juiz Sérgio Moro, na primeira vez em que o ex-executivo, que é candidato a delator, falou sobre as irregularidades na empresa.
Duque disse a Moro que teve três encontros pessoais com Lula, o último em 2014, em um hangar do Aeroporto de Congonhas, quando a Operação Lava Jato já estava nas ruas. “(No encontro) Ele me perguntou se eu tinha uma conta na Suíça com recebimentos da empresa SBM”, afirmou Duque. O relato sobre os encontros foi antecipado ontem pela Coluna do Estadão.
Segundo Duque – preso na Lava Jato e condenado a mais de 57 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro em quatro ações penais -, Lula teria dito que a então presidente Dilma Rousseff “tinha recebido informação que um ex-diretor da Petrobrás teria recebido dinheiro numa conta na Suíça da SBM (empresa holandesa que tinha contratos com a estatal)”. “Eu falei não, não tenho dinheiro da SBM nenhum, nunca recebi dinheiro da SBM. Aí ele vira para mim e fala assim: ‘Olha, e das sondas, tem alguma coisa?’ E tinha né, (mas) eu falei não, também não tem.”
Segundo ele, Lula então fez um alerta: “‘Olha, preste atenção no que vou te dizer: se tiver alguma coisa (no exterior) não pode ter, entendeu? Não pode ter nada no teu nome’. Eu entendi, mas o que eu ia fazer? Não tinha mais o que fazer. Aí ele falou que ia conversar com a Dilma, que ela estava preocupada com esse assunto e que ia tranquilizá-la”, afirmou Duque. “Nessas três vezes ficou claro, muito claro para mim, que ele tinha pleno conhecimento de tudo, tinha o comando”, acrescentou o ex-diretor. Duque ocupou o cargo estratégico na estatal petrolífera por indicação do PT de 2003 a 2012. Foi o próprio ex-diretor quem pediu para ser novamente ouvido por Moro após ficar em silêncio em depoimentos anteriores.
Segundo Duque, nos encontros que teve com Lula, o ex-presidente sempre o questionava sobre contratos da estatal, mesmo após ele ter saído do cargo. “(No encontro de 2012) Ele (Lula) começou a fazer algumas perguntas sobre a questão das sondas, uma delas porque não tinha sido aprovado ainda. ‘Presidente, eu não sei responder, eu estou fora da empresa’”, disse. “Aí, teve um segundo encontro que, da mesma maneira, ele fez perguntas sobre sondas, porque não estava recebendo até então, em 2013. Eu não soube responder.”
Segundo o ex-diretor da estatal, o sistema de contribuições na Petrobrás era institucionalizado e ocorria sempre nos grandes contratos, com valores superiores a R$ 100 milhões. “Quando existia um contrato, seja ele qual fosse o contrato, em que corria uma licitação normal, o partido ou normalmente o tesoureiro do partido procurava a empresa e pedia contribuição. E a empresa normalmente dava porque era uma coisa institucionalizada”, afirmou. “Todos sabiam. Todos do partido, desde o presidente do partido, o tesoureiro, secretário, deputados, senadores, todos sabiam que isso ocorria.”
Na audiência com Moro, Duque afirmou que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto era o ‘homem’ de Lula no esquema de corrupção na Petrobrás. “Vaccari é da criação do PT, salvo engano. Ele foi apresentado como homem do presidente Lula, que iria cuidar dos interesses das empresas que atuavam junto à Petrobrás, interesses do presidente Lula, interesses políticos.”
Duque disse que Vaccari começou a arrecadar propinas ainda em 2007. “Ele não era tesoureiro, mas começou a atuar na arrecadação”, afirmou. Moro então quis saber o motivo. “Porque o então presidente Lula determinou isso”, respondeu.
Ele disse que conheceu Vaccari naquele ano de 2007, por meio do então ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Naquele ano, segundo ele, foi chamado a Brasília e, na ocasião, Bernardo teria dito: “Você vai conhecer uma pessoa indicada pelo… e aí fazia este movimento (neste momento Duque passa os dedos pelo queixo, como se cofiasse uma barba). Não citava o nome”, disse. “O presidente Lula era chamado por ‘chefe, grande chefe’, ‘nine’ ou este movimento com a mão”.
Questionado como a arrecadação de dinheiro ilícito era destinada ao PT e como esse dinheiro chegava ao partido, Duque citou também outros tesoureiros do PT. “Sempre através do tesoureiro, com Delúbio Soares, depois Paulo Ferreira e depois o Vaccari. Todos sabiam. Ninguém desconhecia.”
Arrependimento. Ao depor ontem a Moro, Duque se disse arrependido das “ilegalidades” que cometeu enquanto ocupou o cargo de diretor da Petrobrás, mas afirmou estar disposto a pagar por seus erros. “Quero pagar pelas ilegalidades que eu cometi. Se for fazer uma comparação com o teatro, da situação que a gente vive, sou um ator, tenho papel de destaque nessa peça, mas não sou nem o diretor, nem o protagonista dessa história.” Ele afirmou ainda que quer “passar essa história a limpo”.
Defesa contesta
O Instituto Lula afirmou ontem, em nota, que as declarações do ex-diretor da Petrobrás Renato Duque são mais uma tentativa dos “’cusadores’ do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “fabricar depoimentos mentirosos” contra o petista. “Como não conseguiram produzir nenhuma prova das denúncias levianas contra o ex-presidente, depois de dois anos de investigações, quebra de sigilos e violação de telefonemas, restou apelar para a fabricação de depoimentos mentirosos”, diz a nota.
Apontado como a pessoa que “tinha o comando” do esquema de corrupção na Petrobrás, o ex-presidente não comentou o depoimento de Duque. Ele participou ontem do Congresso do PT, em São Paulo, que teve a presença do ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica.
O advogado Cristiano Zanin Martins, defensor de Lula, afirmou, em nota, que o depoimento do ex-diretor da Petrobrás “segue o padrão já identificado nas declarações dos novos candidatos a delatores que o antecederam, caso de Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, e de seu subordinado Agenor Medeiros”. “Eles citam Lula, falam de encontros e de conversas com o ex-presidente, mas não têm qualquer prova do que afirmam”, diz o advogado.
Ainda segundo a nota do Instituto Lula, “o desespero dos procuradores aumentou com a aproximação da audiência em que Lula vai, finalmente, apresentar ao juízo a verdade dos fatos”. O petista será interrogado no próximo dia 10, em Curitiba, na ação penal do caso em que é réu no caso do triplex no Guarujá, no litoral de São Paulo. O ex-presidente será ouvido pelo do juiz Sérgio Moro.
O depoimento, inicialmente marcado para o dia 3 de maio, foi adiado. Na ocasião, sob o argumento de falta de segurança, Sérgio Moro aceitou o pedido da Secretaria de Segurança Pública do Paraná, e adiou o depoimento. Para o instituto Lula, no entanto, o adiamento se deu “sob o falso pretexto”. “Na verdade, como vinha alertando a defesa de Lula, o adiamento serviu unicamente para encaixar nos autos depoimentos fabricados de ex-diretores da OAS (Leo Pinheiro e Agenor Medeiros) e, agora o de Renato Duque.” Segundo a nota, os três depoentes, que até então não haviam mencionado Lula ao longo do processo, “são pessoas condenadas a penas de mais de 20 anos de prisão, encontrando-se coagidas a negociar benefícios penais”.
‘Desesperada gincana’. O Instituto Lula também criticou o “vazamento seletivo” de depoimentos. “Estranhamente, veículos da imprensa e da blogosfera vinham antecipando o suposto teor dos depoimentos, sempre com o sentido de comprometer Lula”, afirma o texto. “O que assistimos nos últimos dias foi mais uma etapa dessa desesperada gincana, nos tribunais e na mídia, em busca de uma prova contra Lula, prova que não existe na realidade e muito menos nos autos.
‘Bala de prata’. O advogado José Roberto Batochio, que defende Antonio Palocci, afirmou que as declarações de Duque são uma “bala de prata”. “É uma tentativa de alguém que está condenado a muitos anos de diminuir sua pena. É uma verdadeira bala de prata a última passagem para Berlim”, disse o advogado do ex-ministro também citado no depoimento do ex-diretor da Petrobrás. A advogada do ex-ministro Paulo Bernardo, Verônica Sterman, afirmou que o depoimento de Duque é “mentiroso”. “Paulo Bernardo nunca esteve com Renato Duque para tratar de qualquer assunto relacionado à Petrobrás.”
(Estadão Conteúdo/ATUAL)
Este homem está com o direito de ir e vir cerceado, por isso se presta a este papel. Enquanto Temer continua a dilapidar nosso patrimônio, agora é o Banco do Brasil:
Governo Temer/PSDB venderá ações do Banco do Brasil para pagar dívida com os banqueiros
Diário da Causa Operária
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciou na sexta-feira (5) que dará início a venda de ações do Banco do Brasil detidas pelo Fundo Soberano no valor de R$ R$ 3,54 bilhões. Para o governo da direita e a imprensa capitalista a medida serve para “ajudar o governo a tentar antingir a sua meta fiscal para 2017” (G1, 05/05/17), na verdade esses recursos visam beneficiar a especulação financeira, os bancos, os monopólios capitalistas, o sistema financeiro internacional, ou seja, o imperialismo.
Ao vender todas as ações do Banco do Brasil que integram os recursos do Fundo Soberano aplicados no Fundo Fiscal de Investimentos e Estabilização (FFIE), o governo vai acabar com o Fundo.
O Fundo Soberano foi criado em 2008 com “as finalidades de promover investimentos em ativos no Brasil e no exterior, formar poupança pública, mitigar os efeitos dos ciclos econômicos e formentar projetos de interesse estratégico do País localizados no exterior”, (Art. 1º da Lei nº 11.887, de 25 de dezembro de 2008), e segundo a própria lei em seu art. 2º especifica que os recursos serão utilizados exclusivamente para investimentos e inversões financeiras nas finalidades previstas no art 1º desta Lei.
Esse roubo do governo golpista de Michel Temer aos cofres públicos é mais uma evidência de que toda a política econômica está voltada para que os banqueiros nacionais e internacionais não sejam atingidos pela crise: são bilhões de reais que o goveno repassa para os capitalistas através do pagamento da dívida pública. Ano passado o Banco Central entregou para os banqueiros R$ 229,4 bilhões relativos à dívida pública brasileira. A transferência de todo o recurso do Fundo Soberano vai nesse mesmo sentido. Em nome de cumprir a meta fiscal deste ano a idéia é o repasse de R$ 42,1 bilhões para os parasitas capitalistas.
O BANCO DO BRASIL NÃO É DELE.
BANQUEIRO DEU O GOLPE TAMBÉM.
Ao banqueiro tudo, ao povo nada.