Por Alessandra Taveira e Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – A reportagem do ATUAL apurou, na tarde desta sexta-feira, 3, que o local indicado pelo procurador da Norte Serviços Médicos, Carlos Henrique Alecrim John, como endereço da lavanderia externa da empresa está abandonado há pelo menos quatro anos. Segundo os vizinhos, no local existe apenas uma oficina mecânica.
A Norte Serviços Médicos é investigada pela CPI da Saúde da ALE (Assembleia Legislativa do Amazonas) por suspeita de superfaturamento nos serviços de lavanderia para o hospital estadual de campanha Nilton Lins. A empresa alega que lavou 44 toneladas de roupas em 13 dias de serviços, ou seja, uma média de 3,5 toneladas de roupa por dia.
Na manhã desta sexta-feira, 3, em reunião da CPI da Saúde, o deputado Delegado Péricles (PSL) disse que uma equipe de apoio da comissão foi até o endereço indicado por Alecrim John, na quinta-feira, 2, para verificar a capacidade do empreendimento de realizar a lavagem na quantidade informada pela empesa. No local, só encontraram a oficina mecânica.
Na mesma reunião, os membros da comissão aprovaram um requerimento de suspensão imediata de pagamentos à empresa.
Na tarde desta sexta-feira, a reportagem do ATUAL foi até o endereço, na Rua Emílio Moreira, 1550, no Bairro Praça 14, zona sul de Manaus, onde estaria localizada a lavanderia citada pelo procurador da empresa. O imóvel é integrado por uma oficina mecânica, uma residência na parte de cima da oficina e ao lado o local onde funcionaria a suposta lavanderia.
O espaço que dava acesso a lavanderia tem pintura com cor diferente da oficina e as portas estavam fechadas, com aspecto de abandono. No local, um homem, cujo nome não foi informado e que se apresentou como dono da oficina, disse que a lavanderia ficava na parte de trás e que ela não funcionava há meses.
Questionado sobre quem seria o proprietário da lavanderia, o dono da oficina disse desconhecer. A equipe de reportagem entrou no local e conversou com um dos vizinhos, que não quis se identificar e que morava na residência que ficava em cima da oficina. O homem informou que o local não funcionava há tempos. “Há quatro anos não funciona aí embaixo. Está desativada”, disse.
Durante a captura das imagens do local, o dono da oficina de automóveis abordou a equipe de reportagem e com tom de voz ríspido e agressivo disse: “Vocês vão ser processados por invadir propriedade privada. Não podem vir para cá, essa área tem dono”. Questionado se seria o dono do imóvel, o homem negou e justificou que “independente de quem seja o proprietário, não se pode invadir”.
Simultaneamente ao diálogo com a reportagem, o homem ordenava aos empregados que fechassem os portões. Nas imagens, é possível observar o local fechado com cadeados após a abordagem da equipe do ATUAL.
Uma terceira fonte, comerciante da área informou que naquela rua não há lavanderia ou qualquer comércio prestador de serviços equivalentes ao de lavagem de roupas e que os comerciantes da área se restringem ao setor automobilístico. Questionada sobre o funcionamento da estrutura apontada pelo depoente à CPI da Saúde como “lavanderia”, a fonte afirmou que “ali funciona como área de higienização de carros”.
Esse local pertence ao Davi de Azevedo Flores. Ele foi preso na operação que investigou o Instituto Novos Caminhos.