Do ATUAL
MANAUS – Testemunhas e réus da chacina do Ramal Água Branca, em Manaus, serão ouvidos a partir da terça-feira (27) em audiência de instrução. Dezesseis policiais militares da Rocam (Ronda Cândido Mariano) são acusados das mortes de dois homens e duas mulheres ocorridas na rodovia AM-010 em dezembro de 2022. Serão quatro dias de oitivas de testemunhas e réus no Fórum Ministro Henoch Reis, na zona centro-sul de Manaus.
Doze agentes estão presos no Batalhão da Polícia Militar do Amazonas, em Manaus, desde o dia 24 de dezembro, e outros quatro, desde o dia 17 de fevereiro. Os nomes dos PMs constam na decisão judicial que aceitou a denúncia do MP-AM (Ministério Público do Amazonas) contra eles em março deste ano.
Os PMs são acusados das mortes de Diego Máximo Gemaque, de 33 anos, Lilian Daiane Máximo Gemaque, 31 anos, Alexandre do Nascimento Melo, 29 anos, e Valéria Pacheco da Silva, 22 anos. Alexandre é filho do sargento da Polícia Militar Alessandro da Silva, de 46 anos.
As vítimas foram encontradas mortas na manhã do dia 21 de dezembro em um veículo Ônix no ramal Água Branca, na rodovia AM-010. Os policiais se tornaram suspeitos após a repercussão de vídeos gravados por moradores que mostram o momento em que eles fizeram a abordagem no veículo das vítimas na Rua Portland, no bairro Nova Cidade, horas antes dos assassinatos.
Além disso, imagens do sistema de câmeras da SSP-AM (Secretaria de Segurança Pública do Amazonas) registraram duas viaturas da Rocam escoltando o carro das vítimas na Avenida das Torres, em direção à zona norte. Uma terceira viatura também aparece nos vídeos meia hora depois trafegando na mesma direção.
Na denúncia do MP, os investigadores apontam que as quatro vítimas foram submetidas a uma espécie de “tribunal” formada por 16 policiais militares da Rocam, incluindo um oficial. O “julgamento”, conforme a apuração, ocorreu no ramal do Acará, na zona norte de Manaus. Depois, as vítimas foram levadas para o Ramal Água Branca, onde foram encontradas mortas.
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No dia 21 de março, o juiz Fábio Lopes Alfaia aceitou a denúncia do MP contra os 16 agentes. Em decisão com uma breve fundamentação, o magistrado considerou que havia, no documento, a prova da materialidade (ele mencionou laudo necroscópico e depoimentos de agentes) e indícios de autoria. Alfaia também negou a soltura dos PMs.