
Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – O juiz André Dias Irigon, da Justiça Federal do Amazonas, manteve, nesta terça-feira (5), a prisão preventiva de grupo suspeito de praticar caça e pesca ilegal em rios da Terra indígena Vale do Javari, no oeste do estado. Três deles também são suspeitos de envolvimento nas mortes do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista Dom Phillips, em junho de 2022. Os ativistas combatiam as atividades ilegais na região.
Rubens Villar Coelho, o Colômbia; Amarildo da Costa de Oliveira, o Pelado; Laurimar Lopes Alves, o Caboclo; e Jânio Freitas de Souza ficarão mais tempo na cadeia. Eles são investigados pelo crime de organização criminosa.
Amarildo também é réu pelo assassinado dos ativistas desde julho de 2022. E Colômbia e Jânio são suspeitos de envolvimento nas mortes. A dupla foi indiciada pela Polícia Federal em janeiro, mas não foi denunciada pelo MPF (Ministério Público Federal).
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A prisão dos investigados foi avaliada pelo magistrado após 90 dias, como determina a legislação brasileira. André Irigon disse que a razão que levou os homens para a cadeia ainda persiste. Ele justificou que a medida é necessária para “assegurar a incolumidade da ordem pública e a aplicação da lei penal, tendo em vista a participação dos acusados em organização criminosa voltada para o delito de delitos ambientais”.
De acordo com Irigon, os homens “associaram-se de forma estruturada, com divisão de tarefas, com os objetivos de: 1) praticar caça e pesca ilegais; 2) garantir, mediante uso de violência (arma de fogo), o proveito dos referidos crimes ambientais; 3) realizar o contrabando dos produtos para a Colômbia e para o Peru”.
A investigação aponta que Rubens Dario da Silva Villar, o Colômbia, lidera o grupo criminoso. Abaixo dele, “há algumas pessoas-chave que desempenham funções específicas dentro do grupo”, como Amarildo da Costa de Oliveira, que, segundo o juiz, “parece ser líder da região de Atalaia do Norte e Comunidade São Gabriel”.
“Ele age como intermediário entre Ruben e outros membros importantes do grupo, como Otávio, Eliclei, Amarílio e Laurimar”, afirmou Irigon.
Ainda de acordo com juiz, Jânio “parece ser outro líder dentro da organização, responsável pela comunidade de São Rafael”. Além desses líderes, há também outros acusados que são pescadores em Benjamin Constant, que interagem diretamente com Ruben.
Nesta terça-feira, André Irigon também afirmou que o caso deve ser analisado pelo mesmo juiz que julgará os réus pelos assassinatos de Bruno e Dom, na Subseção Judiciária de Tabatinga.
Segundo o Irigon, “há forte indicativo de que o crime de organização criminosa possua conexão com o crime de homicídio de Bruno da Cunha Araújo Pereira e Dominic Mark Philips”. O conflito será analisado por um colegiado.