Do ATUAL
MANAUS – Dois irmãos presos em flagrante por tráfico de drogas por policiais militares da Força Tática, na terça-feira (27), na zona sul de Manaus, acusam os PMs de tortura e cárcere privado no Batalhão da Polícia Militar. A juíza Aline Kelly Ribeiro Marcovicz Lins reconheceu como ilegal a prisão de um deles e concedeu liberdade provisória na audiência de custódia, na quarta-feira (28). O outro, que tem passagem pela polícia por tráfico, foi mantido preso.
A magistrada informa no Termo de Audiência de Custódia que o pedido de relaxamento da prisão em flagrante pela defesa dos suspeitos se deve “em vista a ilegalidade da prisão em flagrante em razão da invasão domiciliar sem mandado judicial e tortura sofrida pelos flagranteados”.
Aline Kelly Lins destacou a existência de vício quanto a formalidade da prisão, tendo em vista a existência de indícios veementes de tortura por parte dos PMs contra os dois irmãos.
Ato da prisão
Segundo os autos do processo, os irmãos caminhavam na rua, no bairro Betânia, quando foram abordados por policiais militares e levados para a casa de um deles. Os policiais entraram na residência sem ordem judicial a procura de drogas.
De acordo com o advogado dos irmãos, Vilson Benayon, entrar em domicílio sem mandado judicial é ilegal. “Inclusive os policiais militares desligaram o circuito interno de TV e levaram o equipamento para não gerar provas contra eles mesmos no momento da invasão a casa e revista não autorizada pela justiça,” disse.
Após a abordagem dos policiais, a dupla não foi conduzida imediatamente à delegacia mais próxima. Conforme Vilson Benayon, os irmãos foram levados pelos policiais para o Batalhão da Polícia Militar, conduta também ilegal segundo o advogado.
Tortura
Segundo Vilson Benayon, os irmãos foram mantidos dentro da viatura e depois torturados em cela do batalhão. Foram espancados nas costas, mão e na palma do pé. “Juntamos aos autos fotografias, prints, vídeo e mapa das viaturas saindo do Batalhão da Polícia [Militar] em direção ao 1º Distrito Policial, confirmando as declarações do réu”, disse o advogado.
Benayon disse que os PMs circularam com o celular dos suspeitos pela Betânia enquanto eles estavam detidos no batalhão. “Essa é uma ação muito suspeita, o ato é ilegal e podemos comprovar através do aplicativo ‘meu dispositivo do Google’” afirmou Benayon.