MANAUS – A 1ª Vara de Iranduba vai realizar, a partir das 9h desta terça-feira, 15, a Audiência de Instrução do processo de estupro contra quatro adolescentes. Renato Reis Fragata,30, foi preso em dezembro do ano passado, no município de Parintins e em seguida foi transferido para a Comarca de Iranduba, onde responde ao processo. Devem ser ouvidas 14 pessoas durante a Audiência.
Renato Reis Fragata foi denunciado por uma professora, que relatou a presença dele diariamente no portão de uma escola pública do município de Iranduba, durante o horário de saída dos alunos. De acordo com a educadora, ele sempre procurava conversar com meninas que simpatizavam com o ritmo de rock e se usavado estilo musical como pretexto para fortalecer a relação de amizade com elas. Após ganhar a confiança das adolescentes, Renato as convidava para integrar uma seita, que tinha como filosofia diversas práticas de satanismo, entre elas, beber sangue de animais, como por exemplo, gatos e cabras; realizar horas de intensas orações; e manter relações sexuais em cemitérios.
Segundo as declarações do homem, os rituais diabólicos eram estágios necessários para que os discípulos pudessem, segundo ele, ficar mais próximos da divindade espiritual que cultuavam. Todas as vítimas tinham entre 13 e 16 anos e se relacionavam sexualmente com o criminoso. Em depoimento ao delegado Paulo Mavignier, do 31º DIP, ele também assumiu que realizou um aborto em uma das jovens que engravidou.
“Ele usava de todos esses artifícios fantasiosos sobre magia negra para persuadir as adolescentes e as fazerem acreditar que poderiam conseguir o que quisessem através desses rituais demoníacos. Uma das meninas engravidou de outro homem e o próprio Renato acabou realizando um procedimento de aborto. Segundo ele, o aborto teria sido feito através de uma oração. Por meio de um específico trabalho de investigação, conseguimos acabar com a essa rede”, disse o delegado.
As investigações revelaram que o homem também praticava os mesmos crimes no município de Parintins, de onde é natural. Ainda em depoimento, ele admitiu ter feito sexo com pelo menos 68 meninas. Dezoito delas, na cidade de Iranduba e pelo menos cinquenta em Parintins. As práticas de magia negra foram minunciosamente relatadas por Renato, e iam de rituais com bonecos “vodu” a reuniões que eram assistidas pelas meninas vestidas com roupas de boneca. Entre os estágios que tinham como finalidade elevar o nível espiritual das participantes, havia uma ordem para matar uma pessoa com a qual existisse um desafeto.
Apesar da exigência, nenhum relato de homicídio foi registrado. O homem, que também exercia a função de auxiliar de obras, praticava as feitiçarias há pelo menos três meses. Renato ainda divulgava as fotos das meninas em sua página pessoal na rede social Facebook e mantinha um relacionamento sério com uma delas, uma adolescente de 17 anos. Todas as vítimas do aliciador foram ouvidas e liberadas.
No município de Parintins, Renato já respondia a cinco inquéritos por estupro.
A instrução penal será presidida pelo juiz titular da 1ª Vara de Iranduba, Jorsenildo Dourado do Nascimento, com a inquirição das vítimas, sendo ouvidas as testemunhas de acusação e defesa. O último a ser ouvido será o acusado. Após o Ministério Público e a defesa do acusado apresentarem as alegações finais, o processo estará pronto para julgamento.