
Do ATUAL
MANAUS – Aos 80 anos de idade, a enfermeira italiana Nadia Vettori ganha o título de cidadã de Manaus. A honraria é pelo reconhecimento do trabalho da italiana em 29 anos de assistência a hansenianos em Iranduba (a 31 quilômetros de Manaus) e a crianças de comunidades carentes em Manaus. Ela chegou à capital em 1973.
“Na Itália, quando nós fomos fazer o curso de preparação para vir ao Brasil, nos disseram que tínhamos de ser pessoas de duas culturas: a cultura nossa, onde nascemos, e mergulhar na cultura do povo que você escolheu como objeto da sua missão”, diz Nadia.
No próximo dia 13 de maio Nadia Vettori receberá da Câmara Municipal de Manaus o reconhecimento pelos serviços prestados em Manaus. A concessão do título foi proposta pelo vereador José Ricardo (PT-AM).
“Quando eu cheguei a Paricatuba, município de Iranduba, o impacto foi grande. Vim para trabalhar com os hansenianos. Naquele momento diziam pessoas com lepra e os estudos não estavam avançados. Mas nunca tive medo, nunca tive receio de me aproximar das pessoas e cuidá-las. Ao contrário, tive a vontade e o estímulo de conhecer mais sobre a doença para poder ajudá-las. Foi o que eu fiz”, diz Vettori.
Nádia Vettori relata a vivência no Amazonas no livro “Além… percursos de esperança”, lançado esta semana e que celebra a trajetória de missionários italianos que atuaram na Missão Pistoia (cidade italiana) de trabalho em municípios da Região Metropolitana de Manaus. O grupo foi liderado pelo padre Umberto Guidotti nos anos 70.
“Eu não sou religiosa consagrada, mas, pelo meu batismo, sou uma pessoa consagrada a uma missão: de vir ao Amazonas e ajudar os necessitados”, diz Vettori, que é formada em Enfermagem na Itália e depois fez cursos na área de saúde no Brasil para entender as doenças tropicais.
“Eu acho que a primeira coisa que ajudou muito foi a atenção, o carinho, a disponibilidade que demos aos pacientes. Depois de um tempo as famílias agradeceram a nossa entrada nas casas e nos abraçavam e sorriam. Estavam felizes com a nossa chegada”, complementa.
Nadia Vettori diz ser amazonense de coração e conta que quando os trabalhos foram concluídos em Paricatuba. Ela aceitou o convite de alguns colegas para trabalhar na Pastoral da Criança, da Arquidiocese de Manaus.
“Foi a irmã Justina quem me convidou para cuidar das crianças necessitadas em Manaus. Eu comecei esse trabalho em 1992 e coincidiu com a chegada do arcebispo Dom Luis Soares Vieira, chegamos juntos”, diz Vettori, na missa de terça-feira (29) celebrada para comemorar os 50 anos da chegada da Missão Pistoia no Amazonas.
Ela disse que vai permanecer em Manaus.