
EDITORIAL
MANAUS – A decisão de tomar ou não a vacina deve ser de cada indivíduo e dos pais, no caso de menores de idade. Mas qualquer que seja a decisão, trará consequências para quem a toma e para os demais da comunidade onde a pessoa está inserida. Quem opta por não se imunizar contra a Covid-19 não pode reclamar do isolamento que lhe deve ser imposto.
Nesta semana, o prefeito de Manaus, David Almeida, fez apelo às pessoas que não receberam o imunizante anti-Covid para que não ouçam seus líderes religiosos, mas sigam a orientação de seu médico, no caso da vacinação. “Cada macaco no seu galho”, repetiu o prefeito.
E o galho daqueles que optam por não tomar vacina deve ser bem distante dos que decidiram receber o imunizante. Portanto, exigir o passaporte da vacina é medida que tira a liberdade apenas daqueles que insistem em negar o que a ciência orienta e que os fatos revelam no dia a dia.
Nesta terceira onda da pandemia, apesar de mais pessoas infectadas pelo novo coronavírus e suas variantes, o número de internações é menor e o de óbito quase insignificante se comparado com as duas primeiras ondas da Covid-19, em 2020 e em 2021.
Ocorre que no interior do Amazonas, onde os leitos clínicos são precários e os leitos de UTI escassos, mais de metade da população não completou o ciclo vacinal, ou seja, não recebeu as duas doses da vacina, recomendada incialmente pelas autoridades sanitárias.
E neste momento em que cresce o número de casos, embalados pela variante ômicron, os municípios do interior do Amazonas passam a ser uma preocupação. Nesta quarta-feira (19), os diagnósticos positivos confirmados em 24 horas nesses municípios superaram a marca de 4 mil. Foram exatos 4.104, contra 3.401 na capital.
Dos 61 municípios do interior do Estado, apenas 20 têm mais de 50% da população com o esquema vacinal completo. Outros 41 município ficam entre 22,4% e 48,9% de imunizados com duas doses.
Os municípios de Tabatinga e Ipixuna têm apenas 22,4% de cobertura vacinal completa considerando o total da população. Santa Isabel do Rio Negro tem 27% e Codajás, 27,6%.
Com maior cobertura do Estado estão os municípios de Silves (81,5%) e Itapiranga (66,3%), à frente, inclusive, de Manaus, que tem 65,9% da população total com as duas doses da vacina. Os dados são da FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas).
É possível que algumas pessoas não tenham a oportunidade de tomar a vacina, mas grande parte dos não vacinados estão nesta condição por vontade própria, porque não acreditam na eficácia da vacina, porque seguem conselhos de fanáticos religiosos ou políticos.
Para essas pessoas, o isolamento é medida necessária: não entrar em ambientes fechados; não viajar em transporte público ou em transporte convencional. Não permitir que adentrem supermercados, feiras, bares, restaurantes, eventos esportivos e culturais.
Exigir o passaporte da vacina é o mínimo que as autoridades do país podem fazer para resguardar a saúde tanto dos negacionistas quanto dos que acreditam no poder da imunização.
Então os não vacinados ameaçam os vacinados? A proteção tem que vir da vacina e da sua máscara é mesmo assim podem pegar e transmitir o vírus. Deixem os não vacinados em paz, meu corpo como cobaia somente se eu autorizar.