EDITORIAL
MANAUS – A quem interessa a obrigação aos postos de combustíveis de exibir os preços praticados antes da redução das alíquotas de ICMS e de impostos federais? Apenas à desesperada campanha eleitoral do presidente Jair Bolsonaro (PL), que julga a medida como importante para influenciar o voto do eleitorado.
Para o consumidor, não há qualquer importância, pelo contrário, é capaz de confundir o preço antigo com o preço atual para quem está dirigindo e, às vezes, precisa tomar uma decisão em segundos.
A ideia é típica do governo que se instalou no país em 1° de janeiro de 2019. Bolsonaro e sua equipe de ministros e auxiliares não conseguem tomar decisões relevantes. E neste ano, com a proximidade das eleições, tem ficado cada vez mais evidente a dificuldade de governança.
Mas o presidente que concorre à reeleição quer que a população brasileira, em especial o eleitorado, pense que ele é o responsável pela queda nos preços dos combustíveis. Não duvide que a vontade dele era colocar um outdoor em cada posto de combustível com as duas tabelas e a foto dele ao meio, com a inscrição: “ele baixou o preço dos combustíveis”.
Bolsonaro buscou um caminho perigoso que pode deixar Estados e municípios em situação difícil a partir do próximo ano, com a redução de receita.
Zerar as alíquotas de impostos federais e limitar o percentual da alíquota de ICMS dos combustíveis até o fim do ano é um claro recado de que o brasileiro vai pagar caro depois de passado o processo eleitoral, seja quem for o presidente eleito em outubro.
Mas a adoção de tais medidas foi uma das últimas ações desesperadas do presidente Bolsonaro para tentar recuperar o prestígio do eleitorado, que, mostram as pesquisas, gravita em torno de 30%. Para a reeleição são necessários muito mais do que 30%, e isso tem tirado o sono do mandatário.
Como não conseguiu domar a Petrobras, a responsável pelo aumento de preços e por boa parte da inflação devido à alta dos combustíveis, o presidente fechou um acordo com o centrão no Congresso para mudar a Constituição Federal e aprovar leis que garantissem a adoção de medidas até então inconstitucionais.
Entre essas medidas, estão a redução de preços dos combustíveis pela redução de impostos e a criação de benefícios que não estavam previsto para este ano, como os auxílios a caminhoneiros e taxistas. A lei eleitoral proíbe essa prática, mas o Congresso passou o trator e derrubou a proibição neste ano, com a alegação de que “vivemos uma guerra”… Na Ucrânia.
Mas a campanha eleitoral de Bolsonaro não está conformada com o resultado e não vê mudança no cenário apontado pelas pesquisas de intenção de voto. Por isso, o presidente quer, agora, que os postos exibam os preços antigos e os novos para o consumidor comparar o quanto ele foi bravo em conseguir a redução.
Pobre eleitorado que ainda cai neste tipo de esparrela.