Da Redação
MANAUS – Descoberto em 1999 e vendido pela Petrobras em 2017 por US$ 54,5 milhões (R$ 150,1 milhões), o Campo do Azulão, entre os municípios de Silves e Itapiranga (a 203 e 225 quilômetros de Manaus, respectivamente), só começará a expelir gás em junho de 2021, segundo estimativa para início da operação pela Eneva, vencedora do leilão. A empresa é derivada da MPX, grupo de energia do empresário Eike Batista. Ao lançar o início das obras nesta quarta-feira, 16, no local de exploração, o governador do Amazonas, Wilson Lima, espera destravar um projeto econômico parado há 20 anos. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, participou da solenidade.
Lima aposta nos royalties gerados pela atividade mineradora para investimentos na Região Metropolitana de Manaus, especialmente nos municípios de Silves, Itapiranga, Itacoatiara e Rio Preto da Eva.
“Esse é um momento histórico porque nós estamos viabilizando um empreendimento que o povo dessa região esperava há muito tempo. O início das obras da Eneva aqui faz parte desse conjunto de ações para garantir o desenvolvimento sustentável. O estado do Amazonas tem um potencial muito grande e essa construção vem sendo feita há muito tempo com o Ministério de Minas e Energia”, disse o governador.
Inicialmente, a Eneva estima investir R$ 1,1 bilhão na obra e gerar mil empregos. Este será o primeiro campo de gás natural na bacia do Rio Amazonas. O estado possui 50% de todas as reservas brasileiras de gás em terra.
“Esse empreendimento mostra que o setor privado está acreditando no país. A Eneva é uma empresa privada, 100% brasileira, com investimento de bilhões de reais no nosso país. Ao invés de investir lá fora, está investindo aqui porque estamos criando um ambiente de negócios favorável”, disse o ministro Bento Albuquerque.
A Eneva cogita prospectar novos blocos de gás. “A gente vê de uma forma muito positiva a perspectiva de exploração na bacia do Amazonas. Existe uma série de áreas que fazem parte do que foi denominado aqui de rodada permanente, onde a Eneva teria interesse em adquirir novas áreas, novos blocos e continuar fomentando o desenvolvimento da companhia e do próprio estado”, disse Pedro Zinner, diretor presidente da companhia.
A empresa irá liquefazer e transportar em formato GNL (gás natural liquefeito) por caminhões para Boa Vista (RR). Lá, o gás passará pelo terminal de regaseificação e será entregue para a usina termelétrica (UTE) Jaguatirica II, de 117 MW de capacidade instalada, para atendimento ao sistema isolado de Roraima.
O Amazonas será o primeiro estado a liquefazer gás natural em terra do Brasil. O que ocorre no Campo de Azulão poderá ser replicado para o abastecimento de outras localidades no interior do estado, abrindo espaço para a substituição de diesel por gás natural, o que irá gerar menor custo e menos poluição.
“Nós temos, no meu conceito, a nossa carta de alforria, nossa liberdade e segurança de termos uma energia confiável. Costumo falar que Roraima e Amazonas são irmãos siameses e nós temos que birgar por isso, para que dê certo tanto para um estado quanto para outro. É um projeto ambicioso que deu certo por causa da determinação tanto do governador Antônio Denarium quanto do governador Wilson Lima. Nós estamos muito felizes e agradecidos ao governador Wilson”, disse Aluízio Nascimento, presidente do Instituto de Amparo à Ciência, Tecnologia e Inovação de Roraima, representante do governo de Roraima no evento.