BRASÍLIA – A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,74% em maio, ante 0,71% em abril, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio acima do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, que esperavam uma taxa entre 0,50% e 0,68%, com mediana de 0,59%. Com o resultado, o IPCA acumula altas de 5,34% no ano e de 8,47% em 12 meses, o maior índice para o período de 12 meses desde 2003.
A alta de 0,74% no IPCA também é a maior para o mês desde 2008. Naquele ano, o avanço dos preços no quinto mês foi de 0,79%.
Segundo Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do órgão, os alimentos foram os principais responsáveis pelo resultado do mês passado. “Os alimentos subiram bastante em praticamente todas as regiões. Isso significa que as pessoas pagaram mais em suas compras em maio. Em alguns locais, os preços dos alimentos já subiram mais de 10% nos últimos 12 meses”, notou.
A alta de maio ficou acima do teto das expectativas do mercado financeiro, que projetavam no máximo uma elevação de 0,68%.
Serviços aliviam
Os preços do setor de serviços subiram 0,20%, menos do que a alta de 0 72% verificada em abril. Boa parte do alívio veio da queda de 23,37% nos preços das passagens aéreas.
“As empresas estão fazendo muitas promoções, até por conta da redução do consumo e da renda, que está segurando um pouco. Mas é um item muito volátil, pode ter sido um efeito pontual”, afirmou Eulina Nunes dos Santos
Em 12 meses, contudo, os serviços continuam subindo. A alta média chegou a 8,22% até maio, e a maioria dos itens acumula aumentos superiores a 8% no período.
“Com as ações que estão sendo tomadas, era para que os serviços estivessem cedendo um pouco mais. Mas há outras pressões também, pode ser que (o efeito de desaceleração da) renda ainda não tenha atingido o setor de serviços”, ponderou Eulina.
“Brasil viveu um momento de renda subindo mais forte. Agora não está assim, mas não vemos isso atingindo serviços. Além disso, tem os preços de que estamos falando, um custo maior com energia com taxa de água e esgoto, com aluguel. Não sabemos até quando o setor de serviços vai conseguir cobrir esses custos ou se vai mostrar algum arrefecimento”, acrescentou.
Ainda que se mantenham em patamar elevado, os serviços acumulam no ano um aumento menor do que a inflação média. Isso porque “a inflação em 12 meses é uma inflação de administrados, sobretudo energia elétrica”, disse a coordenadora.
Em maio, os preços de administrados subiram 1,23%, contra alta de 0,78% no IPCA de abril. Pressionaram o índice energia elétrica (2,77%) e taxa de água e esgoto (1,23%). Em 12 meses, os monitorados acumulam avanço de 14,11%.