MANAUS – A superintendente da CGU (Controladoria Geral da União) no Amazonas, Mona Liza Prado, em entrevista ao ATUAL, na segunda-feira, 4, disse que “infelizmente o brasileiro está vivendo dentro de bolhas” e fogo da participação social que poderia corrigir mazelas vividas pela população.
“A gente faz de tudo pra fugir dos serviços públicos. A gente quer trabalhar, trabalhar, trabalhar para pagar uma escola particular para os filhos porque não quer que os filhos estudem na escola pública. A gente trabalha, trabalha, trabalha pra ter um plano de saúde para fugir da saúde pública. A gente ter que rever e reverter esse quadro. Então, a gente está vivendo em bolhas. A gente trabalha, trabalha, trabalha para comprar um carro para não usar o transporte público”, disse.
Mona Liza Prado afirma que a participação social é fundamental para mudar o quadro caótico em que o país se encontra, não apenas no campo político, mas no dia a dia do cidadão. Hoje, segundo ela, a sociedade tem um aliado que é a tecnologia da informação.
Ela cita como exemplo de participação social uma Organização Não Governamental formada por jovens que elaboraram um software chama “Serenata do Amor”, que faz um levantamento das despesas dos parlamentares do Congresso Nacional ressarcidas pela Câmara dos Deputados e Senado. Um robô faz o levantamento de dados e os membros da ONG questionam os parlamentares via redes sociais sobre os gastos considerados absurdos. Em muitos casos, os parlamentares têm devolvido o dinheiro.
Para Mona Liza Prado, a participação social não termina no voto, mas inicia no voto. “As nossas lei são bem modernas, no entanto, a gente precisa avançar na participação social. A gente reclama dos nossos representantes, o povo de uma maneira geral reclama do governador, do prefeito, do vereador… Mas a gente se torna melhores eleitores? Ou eu sou um eleitor ruim. Não são só os nossos representantes que são ruins, nós somos ruins também como eleitores”, disse.
A saída, na opinião de Mona Liza é iniciar um processo de educação que leve a uma mudança da cultura da corrupção para uma cultura da tolerância zero, que fomente uma cultura ética e cidadã. Mas é uma tarefa longa e que precisa da participação de todos.
A própria CGU tem iniciativas, como a campanha “Diga não aos pequenos atos de corrupção”. São coisas como dizer não à carteirinha de estudante falsa, a não estacionar em vagas reservadas a idosos e deficientes, a não furar filas, entre outros.
A CGU também tem programas educacionais como o “Criança Cidadã – Um por todos e todos por um”, que juntamente com o Estado e Município distribui materiais produzidos pelo Instituto Maurício de Souza e aplicados em sala de aula.
“A CGU está se esforçando muito para formar essa cultura mais cidadã”, diz Mona Liza Prado. Mas é necessário o empenho de outros órgãos, de outras instituições públicas e privadas, e, principalmente, de cada brasileiro de bem que quer um país em que as pessoas sejam respeitadas e o dinheiro público seja usado em benefício de todos.
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