Da Redação
MANAUS – O Amazonas tem 159.915 índios, quilombolas, habitantes de UCs (Unidades de Conservação) e moradores de assentamentos rurais sem acesso à energia elétrica pública, segundo estudo do Iema (Instituto de Energia e Meio Ambiente). Esse total representa 3,9% da população do estado.
O levantamento, intitulado “Amazônia Legal: quem está sem energia elétrica”, foi encabeçado pelos pesquisadores Camila Cardoso Leite e Vinicius de Sousa. Eles usaram uma metodologia georreferenciada (uso de coordenadas geográficas) para acompanhar a evolução do número de pessoas sem acesso à energia elétrica na região.
De acordo com o estudo, o Amazonas tem a maior população indígena sem acesso público à energia elétrica: 23.897 pessoas. Além disso, no estado amazonense estão sem luz 25.773 moradores de assentamentos rurais, 8.239 habitantes de UCs, 68 quilombolas e 107.549 de outras áreas.
Entre os dez municípios com maior população sem acesso à eletricidade, Coari (a 362 quilômetros de Manaus) aparece em terceiro lugar, com 45.464 pessoas vivendo no escuro.
A pesquisa aponta que 990.103 são os excluídos elétricos na Amazônia Legal, o que corresponde a 3,5% da população local. No ranking por estado, o Amazonas está em segundo lugar, atrás apenas do Pará, que tem 409.593 pessoas no escuro (4,8% da população), e na frente do Maranhão, com 121.326 (1,7% da população).
O número de pessoas sem acesso à energia em Rondônia alcança 107.749 (6,1% da população). No Acre são 87.074 (10,0%), no Tocantins são 34.350 (2,2% da população), no Amapá são 25.593 (3,1% da população), em Roraima são 22.848 (4,0%) e e Mato Grosso são 21.655 (0,6% da população).
Para o Iema, os dados ressaltam a desigualdade social brasileira. “Indígenas, habitantes de UCs como reservas extrativistas, assentados e quilombolas, mais uma vez, estão marginalizados no acesso a um serviço público que deveria ser primordial”, afirmam os pesquisadores.
O acesso à energia elétrica é fundamental por diversos motivos: ajuda a conservar vacinas e medicamentos; possibilita o estudo a noite; permite a conservação de alimentos resfriados e o bombeamento de água; é fundamental para se ter acesso à internet e ao telefone; e, além disso, pode fornecer ferramentas para preservar a cultura local, geralmente, única no mundo.