Do ATUAL
MANAUS – Em protesto contra a construção da ferrovia EF-170, a Ferrogrão, líder indígena kumaruara esfregou urucum no rosto de representantes de entidades defensoras da ferrovia. A manifestação ocorreu nesta terça-feira (7) durante audiência na Ufopa (Universidade Federal do Oeste do Pará) em Santarém (PA).
Vídeo nas redes sociais dos kumaruaras e do Conselho Indígena do Território Kumaruara mostra o momento em que o indígena esfrega a substância no rosto de quatro homens e uma mulher.
Indígenas da aldeia Muruary, do Baixo Tapajós, são contra a ferrovia. Eles alegam que a obra vai causar impacto ambiental e social na comunidade.
O Baixo Tapajós que é lar de 14 diferentes povos indígenas. Seghundo o Conselho do Território Kumaruara, o gesto foi de “oposição veemente” à ferrovia, considerada pelos indígenas um “plano de extermínio”.
A tinta natural na cara dos defensores da ferrovia foi espalhada por Naldinho Kumaruara, liderança espiritual da aldeia Muruary.
O projeto da Ferrogrão inclui trechos considerados sensíveis da Amazônia em um percurso de quase 1.000 km. A obra é um pleito de grandes empresas do agronegócio e é defendida pelo governo Lula.
A ferrovia conectaria a região de Sinop (MT), que concentra a produção de grãos, especialmente soja e milho, ao porto de Miritituba (PA), no rio Tapajós.
“Os impactos desse empreendimento afetarão diretamente não apenas as aldeias indígenas que residem na região, como os povos Munduruku e Kayapó Paranã, mas também acarretarão danos significativos à fauna e flora local. Manifestamo-nos contra esse plano que ameaça o Rio Tapajós, onde diversas aldeias, incluindo a minha, estão situadas. Como povos originários da floresta, defendemos incansavelmente nosso território, pois sem ele não há vida nem preservação da nossa cultura”, afirma o Conselho Kumaruara.
Confira o vídeo do protesto do líder indígena.