Da Redação
MANAUS – Tailon Pontes de Aaraújo, 16, venceu prova de canoagem C1-200 metros em 44 segundos, cinco segundos acima da marca do medalhista olímpico brasileiro Isaquias Queiroz, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro 2016. Queiroz completou a prova em 39 segundos. Ele é atleta da comunidade Indígena Três Unidos, no Amazonas.
Para Marcelo Santos da Luz, coordenador da CBC(Confederação Brasileira de Canoagem), os indígenas no Amazonas têm potencial olímpico na modalidade. “Eles já estão no nível de campeonato brasileiro. O resultado de 44 segundos é extraordinário considerando as condições dos campeões mundiais”, disse.
“Eles têm anos de experiência e canoas tecnicamente melhores. Nossos atletas chegaram a este nível em um ano de trabalho. É uma resposta mais rápida pela aptidão que eles têm por serem indígenas e pelo contato com a natureza, que o ambiente amazônico favorece”, completou.
O projeto de canoagem da FAZ (Fundação Amazônia Sustentável) em parceria com a CBC tem 27 estudantes das comunidades Três Unidos, Nova Kanã e São Sebastião da Área de Proteção Ambiental do Rio Negro. Na seca, o treino é mais intenso porque eles têm de descer e subir um barranco de aproximadamente 12 metros com a canoa nas costas.
Há três anos, a amazonense Taila Vagem de Souza, de 19 anos, deixou a região do Rio Purus, onde nasceu, para ter melhores condições de estudo na área do Rio Negro. “O estudo é muito dificultoso por lá [no Purus], ia demorar muito para eu terminar. Aí eu e minha mãe achamos que aqui eu teria mais chances de terminar o ensino médio e seguir estudando”. “A vida é feita de oportunidades”, justifica a atleta. “A gente não pode deixar as oportunidades escaparem. Veio um monte de opções e eu não gostava de nenhum esporte, mas a canoagem foi amor à primeira vista”.
No evento realizado no domingo, 22, Taila recebeu sua primeira medalha, o segundo lugar na categoria K1 feminino, quando a competidora rema sentada no caiaque. Emocionada, a jovem diz que ser uma campeã é o seu sonho. Com a medalha em mãos, diz que a mãe aposta nela, o que justifica a distância entre elas. “Essa medalha é muito gratificante para mim, principalmente para dar orgulho para minha mãe e familiares”.