
Por Milton Almeida, do ATUAL
MANAUS – O Ibama (Instituto Brasileiro de Defesa do Meio Ambiente) lançou em Parintins (a 369 quilômetros de Manaus) a campanha “Não Tire as Penas da Vida” para inibir a exploração de aves silvestres.
Penas de aves ameaçadas de extinção, dentes de macacos, pedaços de couro de onças e garras de gaviões são utilizados na confecção de cocares, brincos, colares, tiaras e outros acessórios e objetos de decoração por indígenas.
“Achamos que o Festival Folclórico de Parintins é uma vitrine para esse tipo de produto ilegal. E queremos evitar o comércio”, diz Joel Bentes, superintendente do Ibama no Amazonas.
Conforme Joel Bentes, o comércio ilegal de artesanato está ligado à “matança” de animais silvestres e se intensifica com o uso das redes sociais. “Há sinais de que o festival é um ambiente propício ao comércio ilegal de artesanato e, por isso, queremos, neste primeiro momento, que seja uma campanha de conscientização como uma forma de informar o artesão e os turistas”.
O superintendente esclarece que as agremiações folclóricas de Garantido e Caprichoso não utilizam penas silvestres em suas alegorias e a campanha é dirigida aos artesãos e frequentadores do festival. “Muitos visitantes não sabem identificar o material que é usado no artesanato local e nós vamos realizar lá um trabalho educativo, de prevenção e divulgação da campanha”, diz Bentes.
A campanha ocorrerá também em outros municípios onde há festas folclóricas. “Queremos deixar claro que a legislação brasileira permite apenas a povos indígenas usarem animais para produzir peças de uso pessoal. No entanto, a comercialização desses objetos é proibida e enquadrada nas leis de crimes ambientai”, afirma.
A analista de projetos de artesanato do (Sebrae), Lilian Silvia Simões, diz que há orientação aos artesãos sobre o comércio de artesanato em eventos folclóricos. “A gente questiona muito o uso de penas no artesanato e realizamos uma série de orientações e identificações, e colocamos regras para a comercialização dos produtos (indígenas), sempre respeitando a legislação ambiental”, afirma.
O comércio ilegal de animais silvestres é o terceiro maior do mundo, atrás somente do tráfico de drogas e armas. Estima-se que 38 milhões de animais são traficados no Brasil por ano. “A orientação do Sebrae aos artesãos é que eles sempre respeitem o meio ambiente, que usem material sustentável nos produtos e nas embalagens. A sustentabilidade parte das nossas ações”, diz.