Da Redação
MANAUS – O empresário e apresentador Luciano Huck publicou um vídeo nas redes sociais nessa terça-feira, 4, rebatendo críticas contra ele e explicando declaração sobre a produção na Zona Franca de Manaus. Em entrevista no YouTube concedida ao dono do banco BTG Pactual, André Esteves, o apresentador questionou o foco da produção do Polo industrial de Manaus. Segundo ele, o Amazonas poderia investir na fabricação de produtos que utilizassem como matéria-prima insumos da floresta, e não em apenas eletrodomésticos e veículos – o PIM concentra a fabricação de motos, bicicletas e ciclomotores no país.
“O mundo inteiro quer consumir insumos da floresta, dessa biotecnologia. É tecido, é perfume, cosmético. E a gente ainda tem um modelo na Zona Franca de isenção fiscal para produzir geladeira, telefone, tanque de gasolina, de motocicleta. Por que que a gente não usa toda essa potência de produção que a Zona Franca tem, que é muito importante para a região e para o Brasil, mas muda o foco”, disse.
Huck, que é um dos coordenadores do movimento político RenovaBR, cita na entrevista o projeto da Amazônia 4.0, do cientista Carlos Nobre, apresentando em Davos, na Suíça, em 2018, que foca no desenvolvimento biotecnológico.
Após as declarações, Huck foi criticado por políticos do Amazonas. O vereador Amauri Colares (Republicano) perguntou em sessão na CMM (Câmara Municipal de Manaus) se Huck sabe ao menos fazer uma bicicleta. “Cidadão que não é daqui, não conhece nossa região, talvez nunca visitou o distrito industrial para saber a importância da ZFM. Ela não é só uma zona franca do Amazonas, ela é de todo o Brasil. Não podemos permitir que um “caboco” lá de São Paulo venha desfazer da nossa cidade, do nosso Estado, principalmente do nosso parque industrial”, repudiou o parlamentar.
Na ALE (Assembleia Legislativa do Amazonas), o deputado estadual Abdala Fraxe (Podemos) defendeu a cadeia produtiva do polo de duas rodas do Amazonas. Fraxe disse que 93% de uma motocicleta é fabricada na ZFM. “O Amazonas não precisa substituir nenhum meio de produção existente hoje, nós precisamos agregar outros. A ideia do apresentador de utilizar a biotecnologia é muito bem-vinda, mas sem abrir mão do que já temos”, disse.
No novo vídeo, Huck explica que o objetivo não seria retirar a produção de eletrodomésticos e do polo de duas rodas, mas agregar com o que já existe. “A minha reflexão de ontem (segunda) não era para tirar nada, é para somar. A Zona Franca está pactuada até 2050 então como é que você potencializa, como é que você cria uma narrativa 4.0 para a Zona Franca de Manaus? O mundo inteiro hoje quer consumir o alimento da floresta, cosmético, tecido. Como é que você agrega isso na cadeia de produção da Zona Franca de Manaus?”, esclareceu.
Segundo o apresentador, a biotecnologia seria uma forma de ampliar os investimentos. “Como é que você traz para essa região do país parte desses US$ 55 trilhões que estão na mesa que antes estavam focados no investimento em petroquímica, em gás, em petróleo dos grandes fundos mundiais e agora eles estão mirando nessa biotecnologia, nessa bioindústria? Então a minha reflexão de ontem foi sobre isso, como é que a gente pode dialogar, debater”, disse.
Em resposta, Marcelo Ramos publicou um vídeo em que concorda com os apontamentos de Huck e o convida para debater o tema.
“Eu quero te dizer que nós concordamos que o nosso modelo precisa ser ampliado para o que nós chamamos de bioeconomia da Amazônia. Uma indústria mais identificada com as nossas vocações naturais. Quero te propor uma live para que nós possamos conversar sobre Zona Franca, sobre o futuro da Amazônia, sobre preservação da floresta e também te convidar desde já para conhecer as indústrias do Polo Industrial de Manaus. Que eu tenho certeza que você vai sair ainda mais sensível de que esse é um modelo que precisa ser fortalecido para que a gente faça essa migração que você propõe”, convidou.
Nesta quarta-feira, 5, o deputado Serafim Corrêa (PSB) também repudiou as críticas do apresentador. “O meu repúdio ao apresentador Luciano Huck que vem, de graça, agredir a Zona Franca de Manaus. Ele não entende absolutamente nada de Zona Franca de Manaus. Ele não entende nada de geopolítica e agora ele vem querer dar aula para a gente sobre meio ambiente e sobre Zona Franca? ”, disse Serafim Corrêa.
O deputado ainda disse que Huck deve estar sendo orientado pelo economista Andrea Calabi, padrasto do apresentador e que já tem demonstrado ser contra o atual modelo do PIM.
“Ele entende muito de Copacabana, da Avenida Paulista, mas de Amazonas ele não entende absolutamente nada. Talvez ele esteja sendo orientado pelo Andrea Calabi, que é o seu padrasto, outro que não entende nada de Zona Franca, mas que de vez em quando dá uma agulhada na gente”, concluiu.