BRASÍLIA – Diante da possibilidade de serem criadas barreiras à carne brasileira no exterior, a principal ação da cúpula do governo federal, neste momento, será a de levantar a bandeira de que os problemas revelados na Operação Carne Fraca são casos ‘isolados’. “Não é que toda a carne brasileira esteja com problema. Nossa mensagem em resumo será isso. Será um trabalho duro, hercúleo, mas que deverá ser feito, sob o risco de perdermos mercado, que é a nossa principal preocupação”, disse o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Pereira.
Depois das declarações públicas do presidente Michel Temer e do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, de que os frigoríficos brasileiros não podem ser prejudicados por casos pontuais, integrantes do governo vão ecoar o mesmo discurso na rodada de negociações em torno do tratado de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul, prevista para começar nesta segunda-feira em Buenos Aires (Argentina).
“Estamos com equipe na comissão negociadora bilateral do Mercosul e União Europeia e acredito que o assunto deverá ser inserido na pauta do encontro. O que podemos fazer é trabalhar, junto com o Ministério da Agricultura e o Itamaraty, no diálogo para tranquilizá-los”, disse Marcos Pereira.
O ministro participou nesse domingo, 19, de reunião com o presidente Temer e representantes do setor, no Palácio da Alvorada. “Vamos mostrar primeiro a transparência do governo e dizer que é um assunto menor. Temos mais de 4.800 unidades sujeitas a inspeções e apenas 21 tiveram problemas. Precisamos separar o joio do trigo. Não é que toda a carne brasileira esteja com problema. Nossa mensagem em resumo será isso. Será um trabalho duro, hercúleo, mas que deverá ser feito, sob o risco de perdermos mercado, que é a nossa principal preocupação”, ressaltou Pereira.
Na avaliação de Pereira, caso ocorram barreiras de países que compram a carne brasileira, um dos primeiros impactos na economia brasileira será a ampliação no número de desempregados. “Se isso aumentar e eles restringirem as exportações do produto como um todo, é claro que vai gerar um enorme impacto, porque 20% da produção é para fora. Isso evidentemente preocupa e pode gerar desemprego. Não havendo como o fluxo de comércio seguir normal, vai gerar problema na cadeia produtiva como um todo”, considerou.
Reações
Nesta segunda-feira, autoridades da Europa exigiram que todas as empresas envolvidas no escândalo da fraude da carne tenham seus produtos impedidos de entrar no mercado europeu e pede que membros do bloco adotem ‘uma vigilância extra’ ao tratar de qualquer produto brasileiro no setor de carnes. Bruxelas confirmou que, se o Brasil não retirar essas companhias da lista de exportação, a União Europeia vai bloquear a entrada dos produtos.
Paralelamente, a China pediu ao governo brasileiro explicações sobre a Operação Carne Fraca. Segundo o ministro Maggi, o Brasil dará todos os esclarecimentos aos chineses o mais rápido possível. “Até receber as informações, a China não desembarcará as carnes importadas do Brasil”, destacou o ministro em nota divulgada nesta manhã. Ainda conforme o comunicado, hoje à noite o ministro terá uma videoconferência com autoridades chinesas para prestar esclarecimentos.
O ministério disse também que, até o momento, a China foi único mercado a fazer comunicado oficial sobre o caso ao ministério. Mais cedo, a assessoria do Ministério da Agricultura havia dito que China e Coreia do Sul já haviam informado a suspensão de importação de carnes brasileiras em consequência das revelações da Operação Carne Fraca, porém, sem divulgar notificação oficial.
Conforme as primeiras informações da assessoria do ministério, a China havia suspendido os embarques programados por uma semana, enquanto a Coreia do Sul havia bloqueado apenas os embarques da BRF. Há informações, ainda não oficiais, de que o Chile também deve suspender temporariamente suas importações de carne do Brasil.
(Estadão Conteúdo/ATUAL)
China bloqueia carne brasileira.
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As amarras políticas – parte delas inconfessável – de Michel Temer de fazer o que é evidente diante da onda de suspensão de importações da carne brasileira.
Agora é a China que anuncia a suspensão das importações de produtos brasileiros.
Não creio na existência de santos no céu, não teria porque crer que habitem os gabinetes dos donos de frigoríficos.
Mas também, certamente, não moram nas delegacias da Polícia Federal.
O que a Folha traz, hoje, é estarrecedor.
Em dois anos, apenas um frigorífico, de segunda ou terceira linha – eu, pelo menos, nunca ouvi falar dos produtos Itali, da Peccin – teve produtos periciados.
O resto foi grampo e, claro, deve conter irregularidades, porque tem empresário corruptor e fiscal corrupto em qualquer lugar que se imagine, ninguém é criança.
É inexplicável que, por dois anos, diante de tantas monstruosidades que foram divulgar na imprensa, não tenham apreendido um quilo de carne sequer.
Está envenenado, podre e deixam ir para os mercados?
É claro que um delegado ou policial federal não tem de pedir autorização ou orientação a ninguém para impedir e prender em flagrante qualquer tipo de crime.
Mas um delegado pode organizar sozinho uma operação com mais de 1.100 policiais, 10% do efetivo da PF em todo o país sem autorização de seus superiores?
O ministro da Justiça, responsável maior pela corporação, está ou não envolvido, como parece estar não apenas pelo telefonema quanto pelo lobby já noticiado em favor do funcionário-chefe da corrupção?
Está desmoralizado ao ponto de nem poder aparecer nas reuniões que tratam do tema?
A sua demissão, e não churrascadas de carne importada, é a resposta que se deve aos compradores dos produtos brasileiros, não há outra para dar o “pontapé inicial” na difícil operação de reparo de um estrago econômico que não é só perda para os ricaços da BRFoods ou da JBS, mas dos trabalhadores de toda a cadeia produtiva da carne e processados de proteína e para os que são responsáveis pelo insumo que isso demanda, do campo à indústria de embalagem, transporte e comercialização.
Mas não pode tirar o Serraglio porque é do Cunha e a esperança de arrumar um jeitinho para acalmar o ex-comparsa do golpe?
Traidor.