Da Redação
MANAUS – O ex-jogador e agora comentarista Walter Casagrande Júnior é tema de documentário que a Globoplay começa a exibir nesta quinta-feira (26). A trajetória de ‘Casão’ será contada em 4 episódios, da infância aos dias atuais, com histórias dos tempos de atleta até os problemas com drogas.
O título do documentário é provocativo: “Casão – Num Jogo Sem Regras”. A direção é de Susanna Lira, com roteiro dos irmãos Bruno e Roberto Passeri. O documentário relaciona a vida do ex-jogador com períodos políticos do Brasil.
Amigos e personalidades que vivem próximos a Casagrande, como o ex-jogador Roberto Rivellino, o roqueiro Branco Mello, da banda Titãs, e os apresentadores Galvão Bueno e Serginho Groisman, dão depoimentos. Um dos relatos mais comoventes é de Galvão Bueno, sobre a dependência química de Casagrande.
“Peitei treinador, dirigente, a ditadura militar, capotei de carro, vi demônios, enterrei irmãos, quase morri de overdose e agora só quero morrer de amor”, diz Casagrande no documentário.
Histórias
Casagrande surgiu como revelação no Corithians em 1980, aos 18 anos. Goleador e temperamental, teve problema disciplinar com o veterano treinador Osvaldo Brandão, um dos mais renomados da época. Como “castigo”, foi emprestado para a Caldense, de Poços de Caldas (MG), time considerado de pequeno porte.
De volta ao Timão, se identificou com as ideias e comportamentos dos jogadores Sócrates e Vladimir, mais maduros, e com pensamentos progressistas. Era o início do processo de redemocratização do país. Com apoio do dirigente Adilson Monteiro da Silva e do publicitário Washington Olivetto, criaram o movimento ‘Democracia Corinthiana’, revolucionário para os padrões do início dos Anos 80.
Novo desentendimento com outro treinador, Jorge Vieira, em 1984, custou um segundo ‘castigo’: foi emprestado ao São Paulo, clube arquirrival e considerado de administração severa e tradicionalista. Jogou no meio de campo, pois o atacante era Careca, um dos melhores da época. Casagrande participou da Copa do Mundo do México, em 1986, exatamente como reserva de Careca, artilheiro do Brasil na competição.
Após o Mundial, foi jogar no Porto. Em 1987 ajudou o time de Portugal a conquistar, pela primeira vez, o título de campeão europeu de clubes. Depois atuou na Itália, por Torino e Áscoli.
De volta ao Brasil, atuou pelo Flamengo, onde reencontrou o amigo Sócrates e teve mais um retorno ao Corinthians. Após largar o futebol, declarou diversas vezes seu envolvimento com drogas, mesmo quando era jogador.
Parte de suas histórias, angústias e horrores motivadas pela depedência química renderam um livro: ‘Casagrande e Seus Demônios’, lançado em 2013 e produzido a partir de relatos ao jornalista Gilvan Ribeiro.