EDITORIAL
MANAUS – A morte recente de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, em ação da Polícia Rodoviária Federal em Sergipe deve acender a luz amarela na sociedade. O método utilizado por três policiais armados é cruel, para dizer o mínimo. Aceitar esse tipo de ação policial é colocar o Brasil na câmara de gás.
Até aqui, nada aconteceu com os policiais, além do afastamento da atividade policial, ou seja, vão ficar recebendo salário sem trabalhar. Nem os nomes foram divulgados oficialmente.
A Polícia Federal investiga o caso, mas o delegado que conduz os trabalhos entende ser desnecessária, nesse momento, a prisão dos criminosos que participaram do assassinato.
Aos que torcem o nariz para os direitos humanos, é preciso lembrar que “direitos humanos” não é uma entidade, mas, como o próprio nome sugere, um conjunto de direitos que se estende a todos os seres humanos. Defender os direitos humanos é defender a vida.
É preciso, também, que se diferencie os crimes que ocorrem na sociedade praticados por civis dos crimes de violação dos direitos humanos, praticados por agentes do Estado. O caso de Genivaldo de Jesus Santos é o exemplo mais recente do que o Estado pode fazer contra um cidadão desarmado.
Nada justifica a brutalidade utilizada pelos policiais rodoviários federais. Genivaldo já estava imobilizado, amarrados os pés e as mãos. As bombas de gás jogadas na cela do carro da polícia eram desnecessárias.
Os policiais podem ter agido movidos por ódio devido à morte de dois colegas dias antes, em outro estado do Nordeste, por um morador de rua, que tomou a arma de um deles e atirou contra a dupla.
A vingança pela morte de policiais, tão comum entre os membros das corporações de segurança pública no Brasil, também deve ser repudiada por todos, não aplaudida, como comumente se vê.
E por que esse tipo de atitude deve ser repudiado? Porque se as regras não valerem para todos os humanos, ninguém estará a salvo de injustiças.
Genivaldo não era bandido, era um cidadão que trabalhava, tinha família, e não cometeu nenhum crime. Foi abordado pelos policiais federais por dirigir moto sem capacete. Reagiu à abordagem porque desde o início foi recheada de excessos. E outro detalhe: Genivaldo tinha esquizofrenia e tomava remédio controlado.
Desta vez foi com Genivaldo de Jesus Santos. Mas pode acontecer ser com qualquer cidadão que esteja na rua. Por isso, é necessário que todos defendam o cumprimento da lei. As ações policiais devem estar sempre submetidas às leis do país.