MANAUS – A FVS (Fundação de Vigilância em Saúde) do Amazonas precisa ir além da simples contagem dos casos e mortos pela Covid-19 no Estado, pois os números frios às vezes enganam para o bem ou para o mal. É necessário dialogar com a sociedade sobre o significado desses números.
O boletim epidemiológico divulgado na terça-feira, 7, é um bom exemplo do que podemos considerar um problema gerado pela falta de diálogo: depois de dias de registro de casos abaixo de 1 mil, a fundação contabilizou 2.740 casos da doença.
A divulgação desses dados sem a devida explicação das autoridades de saúde deixou boa parte da população perplexa e preocupada. Afinal, não é de hoje que se fala da possibilidade de uma “segunda onda” do novo coronavírus.
O boletim aponta que, apesar dos 2.740 casos, apenas 40 foram diagnosticados pelo exame de biologia molecular RT-PCR, que detecta casos novos que estão entre o terceiro e o sexto dia de sintomas da doença.
Mas o que exatamente isso significa, numa linguagem mais popular? Que só essas pessoas, cerca de 1,5% do total de casos novos confirmados, ainda estão na fase de transmissão da doença. Outros 2.700 casos são de pessoas que já contraíram o vírus há mais tempo.
O vereador Marcelo Serafim (PSB) gravou um vídeo na intenção de tranquilizar a população em que afirma que os 2.700 casos “são testes que só começam efetivamente a dar resultados positivos quanto a pessoa tem mais de dez dias de sintomas.
No caso de Manaus, onde o medo da “segunda onda é maior”, foram confirmados apenas 285 casos. Municípios do interior tiveram um número muito maior neste boletim. Em Coari, por exemplo, foram 1.802 casos.
Portanto, o retorno das entrevistas coletivas, realizadas no início da pandemia pela FVS e que depois foram abandonadas, seria uma medida importante. Não necessariamente entrevistas diárias, mas quando os números saírem do padrão, como ocorreu nesta terça-feira, 7.