Da Redação
MANAUS – A FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas) informa nesta quarta-feira, 5, a confirmação de dois casos de Doença de Chagas Aguda de Transmissão Oral procedentes do município de Uarini (a 565 quilômetros a oeste de Manaus). Os diagnósticos foram confirmados pelo Lacen-FVS (Laboratório de Central de Saúde Pública). Outros três casos seguem em investigação.
Os dois pacientes com diagnóstico confirmado fazem acompanhamento na Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado, em Manaus. Uma equipe composta por cinco técnicos da FVS das áreas de vigilância ambiental, sanitária, epidemiológica e diagnóstico laboratorial e um médico infectologista da Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) foi enviada ao município na última terça-feira, 3, e permanecerá lá até o domingo, 9.
Os pacientes relataram o histórico de ingestão de açaí recentemente. Entre as medidas tomadas de imediato no município pela vigilância sanitária está a suspensão da venda do açaí em Uarini, como ação de precaução.
A Doença de Chagas Aguda de Transmissão Oral é uma doença infecciosa grave, causada por um protozoário conhecido por Trypanosoma cruzi, que é transmitido pela ingestão de alimento contaminado com os parasitas presentes nas fezes dos insetos vetores, chamados de barbeiros.
A diretora-presidente da FVS, Rosemary Costa Pinto, salienta que esse momento é a época que os barbeiros estão mais ativos, portanto é necessário aumentar o alerta na hora de adquirir qualquer alimento fora de casa.
“Ao comprar os produtos, é importante buscar os fornecedores que garantam qualidade ao alimento e que sigam as normas de higiene para evitar o risco de contaminação”, alertou Rosemary.
Boletim Epidemiológico – Até maio deste ano, 12 casos foram notificados da Doença de Chagas no Amazonas. Em 2018, foram 89 casos.
Transmissão – A FVS-AM alerta para os riscos de contaminação de alimentos por parasita Trypanossoma cruzi, principal transmissor da doença, principalmente na hora da compra, preparação, conservação e consumo de alimentos. No Amazonas, a principal forma de transmissão da doença se dá por meio de ingestão de suco de açaí contaminado.
É preciso observar as condições de higiene dos manipuladores da fruta, do local de venda. A FVS-AM ressalta que, além do açaí, outros alimentos também podem estar envolvidos na transmissão oral do parasita, como frutas, vegetais e respectivas preparações, como suco de cana de açúcar, buriti, bacaba; além de carne crua, sangue de mamíferos silvestres e leite cru.
Sintomas – Os doentes podem apresentar um quadro de febre constante, inicialmente elevada, diarreia, vômito, dores de cabeça e musculares. Casos complicados podem evoluir com manifestações cardíacas, além do comprometimento do fígado e baço.
O diagnóstico precoce e o tratamento imediato previnem as formas crônicas da doença e a ocorrência de óbitos. A FVS-AM realiza de forma sistemática o treinamento dos microscopistas da malária para que também realizem o diagnóstico oportuno para Chagas.
A principal forma de prevenção é evitar que o inseto forme colônia nas frestas de telhado e parede. Além disso, no caso de consumir produtos in natura, é necessário conhecer bem a procedência. O tratamento da doença é disponibilizado em todas as unidades da rede pública de saúde.