MANAUS – Na semana passada, a Justiça determinou ao Governo do Amazonas que adote providências para melhorar as condições de trabalho dos servidores e o atendimento aos usuários da FCecon (Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas). Em nota, a Susam (Secretaria de Estado de Saúde) sugeriu que os problemas apontados pelo Ministério Público do Amazonas são antigos, datam de 2013 a 2015. Não é bem assim.
O período citado refere-se ao da investigação do MP-AM, mas, pelo que se tem notícia, não foram sanados. Ainda é grande a reclamação de pacientes e familiares e dos próprios servidores. O principal problema da FCecon é de gestão, como ocorre em quase todas as unidades de saúde do Estado.
O governo sempre julga que é melhor tirar um médico especialista do atendimento para colocá-lo como gestor de unidade de saúde. Muitas vezes, são excelentes profissionais na sua área de atuação, mas não entendem absolutamente nada de gestão, porque não foram preparados para tal função.
No caso da FCecon está claro que o problema é de gestão. Senão vejamos: como se admitir que em 2016 aquela unidade de saúde tenha consumido R$ 103,7 milhões e neste ano, até esta segunda-feira, 9, a unidade gastou R$ R$ 67,1 milhões (os valores consideram os pagamentos de empenho no ano e de restos a pagar)?. O ano ainda não terminou, mas se considerarmos os empenhos feitos no ano passado e neste ano, é possível prevê que não ficará muito diferente: foram R$ 113,1 milhões em 2016 contra R$ 69,8 neste ano. As despesas neste ano devem ficar 30% menores do que no ano passado. Como explicar esse milagre? Ou se gastou muito em 2016 ou neste ano os serviços não foram oferecidos a contento.
Aliás, desses R$ 67,1 milhões pagos neste ano, R$ 17,1 milhões são restos a pagar, ou seja, despesas do ano anterior. No primeiro ano de gestão do atual diretor-presidente Marco Antônio Ricci, que tomou posse em janeiro de 2016, ficaram R$ 17,9 milhões para o ano seguinte, ou seja, despesas contraídas, empenhadas, mas não pagas no ano passado.
Como sempre fazem os gestores de órgãos estatais no Amazonas, o diretor-presidente da FCecon poderá apontar o dedo para a Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda), que sempre leva a culpa por não liberar o dinheiro. No entanto, não se houve desses mesmos gestores qualquer reclamação até que os serviços sejam prejudicados.
A FCecon precisa ser olhada com mais responsabilidade pelo governo de Amazonino Mendes. O secretário Francisco Deodato precisa incluir no “raio-x” da saúde a real situação da Fundação Cecon, para que ela faça jus ao título de hospital de referência no tratamento do câncer.