MANAUS – O feirante Alexandre Lima de Almeida, 30, foi preso equivocadamente no último dia 28 pela Polícia Civil, acusado de um roubo praticado em 2013 pelo irmão dele, Adriano Lima de Almeida, 29, segundo a mãe da dupla, a comerciante Rita Barbosa de Lima, 48. Ela explica que Adriano usou o nome do irmão para se identificar no Distrito Integrado de Polícia, há quase três anos, quando foi detido acusado de cometer o crime. A família contratou um advogado que entrou com o pedido de revogação de prisão junto à Justiça e aguarda decisão para os próximos dias.
De acordo com a comerciante, Adriano Lima de Almeida está preso atualmente acusado de outro roubo, praticado em 2015. Já Alexandre, que segundo a mãe trabalha na feira comerciando pescado, foi detido na semana passada, em uma ação policial que resultou em 44 prisões. Ele foi encaminhado inicialmente ao 20 DIP, no Parque São Pedro, e de lá seguiu para a Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, no Centro, de onde foi conduzido ao Ipat (Instituto Prisional Antônio Trindade), na BR-174, que liga Manaus a Boa Vista, em Roraima.
“Após o primeiro roubo do Adriano, o Alex (Alexsandre) foi notificado e ficou com medo de ir à polícia prestar depoimento e ser preso pelo crime do irmão. Aí eu fui à delegacia e expliquei o que tinha acontecido. Na semana passada ele recebeu uma nova notificação e não compareceu para esclarecer o ocorrido. Depois disso, a polícia foi à feira que ele trabalha e o prendeu. Eu fui atrás do advogado, porque fiquei com medo de ele descer (para a Vidal Pessoa), mas não adiantou. Agora estamos aguardando a decisão da Justiça, na expectativa que ele seja solto”, desabafou a mãe.
No site do Tjam (Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas), Adriano Lima de Almeida é citado como réu em quatro processos por roubo, entre fevereiro de 2012 e setembro deste ano (processos n 0214071-81.2013.8.04.0001, 0232619-57.2013.8.04.0001, 0208536-11.2012.8.04.0001, 0235057-85.2015.8.04.0001). Alexsandre, que segundo a mãe foi preso por engano, aparece apenas no processo de 2013 (0200102-96.2013.8.04.0001), com pedido de prisão expedido em 2014.
O delegado do 20° Distrito Integrado de Polícia, André Sena Pereira, responsável pela prisão de Alexsandre, disse que foi requisitada uma perícia no documento de identidade dele e serão comparadas as digitais de Adriano Lima de Almeida com a do irmão para comprovar ou não se o preso em 2013 não era o feirante. O delegado também alegou que Alexsandre é um dos principais responsáveis pela própria prisão, porque não colaborou com a polícia para esclarecer os fatos, ao contrário, omitiu-se. “Todo esse problema poderia ter sido evitado se o próprio Alexsandre, sabendo da mentira do irmão, tivesse procurado a Polícia Civil para esclarecer a situação”, afirmou o delegado, em nota-resposta ao AMAZONAS ATUAL.
Resposta do Delegado titular do 20º Distrito Integrado de Polícia (DIP), André Sena Pereira:
Em relação à prisão de Alexsandre Lima de Almeida, 30, ocorrida na última semana, a polícia cumpriu o mandado de prisão determinado pela Justiça, pois cabe à Polícia Civil cumprir decisão judicial e não questionar.
Apenas após o depoimento de Alexsandre foi que este esclareceu que estava sendo citado por um suposto crime cometido pelo seu irmão no ano de 2013. O delegado André Sena Pereira, reforçou que, se existe um processo judicial, denúncia do Ministério Público, expedição de mandado de prisão e sentença, todas em nome de Alexsandre Lima de Almeida, cabe à Polícia Civil cumprir a ordem.
Alexsandre, ademais, afirmou que tinha pleno conhecimento de que o irmão teria fornecido informações falsas, no ano de 2013, quando de sua prisão em flagrante. Ainda assim, deixou de esclarecer tal informação à Polícia Civil e à Justiça. Em outras palavras, Alexsandre furtou-se de colaborar com a Polícia Judiciária. Diante da omissão de Alexsandre, todo processo criminal correu em seu nome.
É importante destacar que o próprio advogado do irmão de Alexsandre colocou na defesa do processo criminal o nome de Alexsandre Lima de Almeida. Todo esse problema poderia ter sido evitado se o próprio Alexsandre, sabendo da mentira do irmão, tivesse procurado a Polícia Civil para esclarecer a situação.
Diante dos novos fatos apresentados por Alexsandre, foi requisitada uma perícia de sua identidade para ser comparada com o documento de identificação criminal do irmão realizada no ano de 2013. Tudo para verificar se as digitais coincidem ou não.