Da Agência Brasil e Do Estadão Conteúdo
SÃO PAULO – O Facebook retirou do ar nesta quarta-feira, 25, uma rede de páginas e contas ligadas a coordenadores do Movimento Brasil Livre (MBL) como parte da política de combate a notícias falsas. Também foram alvos outras páginas como a do Movimento Brasil 200, ligado ao ex-pré-candidato à Presidência Flávio Rocha (PRB). De acordo com a rede social, os perfis foram removidos após uma investigação que apontou violações à política de autenticidade da plataforma.
A empresa derrubou 196 páginas e 87 perfis por violarem as políticas de autenticidade. “Essas páginas e perfis faziam parte de uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas no Facebook, e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação”, justificou o responsável pela área de cibersegurança da empresa, Nathaniel Gleicher, em comunicado oficial. O Facebook não divulgou as contas e perfis atingidos pela medida.
A rede social afirma que não derruba perfis e páginas por disseminação de conteúdo falso ou enganoso (embora reduza o alcance de publicações e páginas), mas fiscaliza os responsáveis pelos perfis e pode adotar medidas como a anunciada hoje. A remoção de conteúdos também pode ocorrer se houver violação de suas regras internas, denominadas Padrões da Comunidade.
Entre as práticas classificadas pela plataforma como “comportamento não autêntico”, está a de manter contas falsas ou com nomes falsos. Também são considerados questionáveis perfis que participam de comportamentos não autênticos coordenados, ou seja, quando múltiplas contas trabalham em conjunto com a finalidade de: enganar as pessoas sobre a origem do conteúdo, enganar as pessoas sobre o destino dos links externos aos serviços da plataforma, enganar as pessoas na tentativa de incentivar compartilhamentos, curtidas ou cliques e enganar as pessoas para ocultar ou permitir a violação de outras políticas de acordo com os Padrões da Comunidade.
Crítica
O Movimento Brasil Livre divulgou nota na qual informou que parte das contas derrubadas era de coordenadores da rede. De acordo com a organização, em alguns casos (não especificados na nota) havia informações que permitiam a identificação dos responsáveis, não tendo que se falar em contas falsas.
O MBL condenou a atitude e afirmou que o Facebook “tem sido alvo de atenção internacional, por conta do viés político e ideológico da empresa, manifestado ao perseguir, coibir, manipular dados e inventar alegações esdrúxulas contra grupos, instituições e líderes de direita no mundo”.
Coordenador da Frente Parlamentar Mista Brasil 200 propõe criar ‘CPI do Facebook’
O deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), coordenador da recém-criada Frente Parlamentar Mista Brasil 200, quer propor a criação de uma “CPI do Facebook”. “Vivemos em um País democrático”, disse ele à reportagem. Goergen chegou a gravar e divulgar um vídeo nesta quarta-feira, 25, propondo a apuração da ação da rede social que retirou do ar páginas e contas ligadas aos coordenadores do Movimento Brasil Livre (MBL) como parte da política da empresa de combate a notícias falsas. “Isso é inaceitável. Estamos estudando a possibilidade de buscarmos assinaturas para a criação de uma CPI do Facebook”, afirmou o deputado no vídeo.
Também foram alvos da ação do Facebook outras páginas como a do próprio Movimento Brasil 200, que é ligado ao ex-pré-candidato à Presidência Flávio Rocha (PRB). De acordo com a rede social, as contas faziam parte de uma rede coordenada que usava contas falsas para disseminação de conteúdos sem deixar claro a origem da informação. O Facebook diz que desativou 196 páginas e 87 contas no Brasil.
Goergen disse que vai agendar uma reunião com os deputados da frente na próxima semana para avaliar a situação. “Não tivemos nenhum aviso prévio e quero entender a situação para não fazer algo precipitado”, disse.
O ex-presidenciável Flávio Rocha usou justamente sua página no Facebook para criticar a situação. “Conclamo a bancada do Brasil 200 no Congresso Nacional a tomar posição sobre essa arbitrariedade. Nem no tempo da ditadura se verificava tamanho absurdo”, escreveu Rocha. O líder do PRB na Câmara, deputado Celso Russomanno (SP) disse à reportagem que iria conversar com o partido para definir quais providências devem ser tomadas.
Facebook terá de justificar retirada de páginas em até 48 horas, diz MPF/GO
O procurador da República Ailton Benedito de Souza cobrou explicações do Facebook no Brasil quanto à remoção de 196 páginas e 87 perfis da rede social. Benedito solicita a relação de todas as páginas e perfis removidos e a justificativa sobre essa providência para cada página e perfil excluído. O procurador estabeleceu o prazo de 48 horas para que a empresa acate o pedido, por meio eletrônico.
“Por oportuno, assevero que os dados requisitados são imprescindíveis à atuação do Ministério Público Federal, inclusive eventual propositura de ação civil pública, ao teor do artigo 10 da Lei federal nº 7.347/85, pelo que a falta injustificada ou o retardamento indevido implicará a responsabilidade de quem lhe der causa”, escreveu em sua decisão.
Procurado, o Facebook afirmou que ainda não tinha um posicionamento oficial sobre o tema.