Por Mônica Bérgamo, da Folhapress
SÃO PAULO – A morte por asfixiamento de um homem de 38 anos em uma ação da Polícia Rodoviária Federal em Sergipe gerou indignação entre artistas. Genivaldo de Jesus Santos morreu depois de ser preso numa viatura tomada por gás.
“É muito difícil falar sobre a barbárie que estamos vivendo se repetindo tantas e tantas vezes. Como ler que Genivaldo de Jesus Santos foi morto por autoridades dentro de uma ‘câmara’ de gás (no caso um carro) e não ser atravessada pelo medo e indignação? Não foi fatalidade, foi execução”, escreveu a atriz Camila Pitanga no Instagram.
O texto foi acompanhado por uma imagem da vítima com a frase “Justiça por Genivaldo”. Camila Pitanga lembrou que na terça (24) operação policial na favela Vila Cruzeiro, na zona norte do Rio de Janeiro, culminou na morte de ao menos 23 pessoas.
“A polícia protege a quem? A custo de quantas vidas inocentes? Já consigo ler os seguintes comentários: ‘Ah, mas eram bandidos’, ‘bandido bom é bandido morto, ‘quantos policiais foram mortos sem nenhuma satisfação?'”
A atriz prosseguiu o texto dizendo que não é a favor da morte, mas da “vida e da justiça”. “Quero que homens e mulheres possam sair de casa e voltar com seu sustento, com vida. Quero que essas pessoas não morram dentro de casa por balas perdidas, que sempre encontram um corpo preto. Não tenho essa atração pela morte, pelo ódio, pelo sangue. Meu compromisso é com o melhor do ser humano”, escreveu.
Fabio Assunção também publicou no Twitter a imagem pedindo justiça por Genivaldo. “O Estado fracassa, exalta seus agentes assassinos. A aversiva cena da malevolência recebendo a graça. Condecoram a crueldade. É assim que os bichos escrotos saem dos esgotos”, postou o ator.
Os agentes da PRF (Polícia Rodoviária Federal) envolvidos na ação que resultou na morte de Genivaldo afirmaram no boletim de ocorrência que o óbito não teve relação com a abordagem.
“Por todas as circunstâncias, diante dos delitos de desobediência e resistência, após ter sido empregado legitimamente o uso diferenciado da força, tem-se por ocorrida uma fatalidade, desvinculada da ação policial legítima”, diz a equipe da PRF, em boletim obtido pela Folha.
Os agentes da PRF, no boletim, ainda afirmam que Santos faleceu “possivelmente devido a um mal súbito”.
O laudo do IML (Instituto Médico-Legal) apontou que a vítima sofreu insuficiência respiratória aguda provocada por asfixia mecânica, segundo a Secretaria de Segurança Pública de Sergipe.
Vídeo feito por moradores mostra Santos ainda vivo sendo trancado no porta-malas de uma viatura onde os policiais detonaram bombas de gás.