Da Redação
MANAUS – Mais prédios e asfalto e menos áreas verdes geram ilhas de calor em Manaus, aumentando a temperatura urbana. A conclusão é de estudo sobre o impacto da expansão da cidade no clima. O levantamento considerou a temperatura do ar, umidade relativa do ar, velocidade do vento, precipitação e radiação solar em diversos pontos da cidade.
A pesquisa ‘Avaliação da habilidade do modelo WRF/UCM na simulação do clima urbano em Manaus’ foi apresentada pelo bolsista Jorge Luiz Briceno, de iniciação científica do Inpa/Fapeam e graduando de física da Ufam (Universidade Federal do Amazonas). A orientação é do pesquisador Luiz Antonio Candido e o trabalho foi realizado no Laboratório de Modelagem Climática (LMC) do Inpa, dentro do Projeto Experimento de Grande Escala da Biofera-Atmosfera na Amazônia (LBA).
O estudo utilizou dados de duas estações meteorológicas da Remclam (Rede de Mudanças Climáticas) da UEA (Universidade do Estado do Amazonas), instalados em regiões de alta densidade residencial como o bairro da Cachoeirinha e o Centro.
Essas medições, segundo Luiz Candido, são fundamentais para o desenvolvimento de estratégias mitigadoras do efeito da urbanização no clima local. “Este é um estudo de base para o desenvolvimento de cenários de mitigação do aquecimento urbano associado ao crescimento da cidade”, disse Candido, que é doutor em Meteorologia e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Clima e Ambiente (PPG-Cliamb/ Inpa-UEA).
Briceno disse que eventos de altas temperaturas não só afetam a saúde humana através do estresse térmico, como aumentam o consumo de energia elétrica com o maior uso de aparelhos de ar condicionado. “Manaus tem contribuído para as diversas transformações ocorridas nos últimos anos em termos do avanço da urbanização na região central da Amazônia”, disse.
Para se ter ideia entre 1990 e 2010 houve uma mudança no desenvolvimento urbano da cidade, que registrou em 1990 uma população de 800 mil habitantes e em 2010 passou para cerca de 1,8 milhão, mais que dobrou o número de habitantes. Como resultado das alterações da superfície originou-se as ‘ilhas de calor’, características das grandes cidades, onde a temperatura da área urbana é cerca de 3ºC a 5oC maior que seu entorno. Este é um dos principais efeitos conhecidos de anomalia ambiental associada à intensificação da urbanização. “Com as simulações realizadas pode-se esperar que no futuro próximo sejam fornecidos informações climáticas para vários pontos da cidade em zonas de grande ocupação urbana em comparação com zonas de áreas verdes”, explicou o estudante.