
Do ATUAL
MANAUS — O ex-piloto de Fórmula 1, Lucas di Grassi, atacou os incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus. Em publicação feita na rede social X (antigo Twitter), nesta quarta-feira (9), Di Grassi classificou o polo industrial amazonense como “o câncer industrial do país” e defendeu o fim do sistema.
“A Zona Franca de Manaus é o câncer industrial desse país. Precisamos acabar com o sistema ASAP!”, escreveu o piloto. O termo ASAP é a sigla em inglês para “as soon as possible”, que significa “o mais rápido possível”.
O ex-deputado federal Marcelo Ramos rebateu. Ele disse que Di Grassi estaria tentando transferir para a ZFM a responsabilidade por não conseguir viabilizar a produção de bicicletas elétricas em São Paulo.
“Não transfira para a ZFM a responsabilidade pela tua burrice de querer produzir em São Paulo 600 bicicletas elétricas para concorrer com a China que produz 135 mil por dia e mais de 50 milhões por ano. Você como empreendedor é um excelente playboy que ninguém lembra como piloto”, escreveu Ramos.
O secretário Serafim Corrêa, da Sedecti (Secretário Secretaria de Desenvolvimento, Indústria e Tecnologia do Amazonas), disse que o ex-piloto “esconde” as dificuldades e os custos envolvidos na produção na Amazônia, como o alto valor da energia elétrica, que justificaria os incentivos fiscais concedidos à ZFM.
“Este mesmo cidadão esconde que o preço da energia elétrica na ZFM é R$ 0,84 por kWh, e na terra dele é R$ 0,44 por kWh. Quer dizer, a energia dele bancada pelo Brasil é metade do preço lá do que aqui. Ou seja, produzir na Amazônia é muito mais caro. Não seria possível produzir na Amazônia se não fosse os incentivos fiscais”, disse o secretário.
Esta não é a primeira vez que o piloto critica o modelo Zona Franca de Manaus. Em fevereiro deste ano, Di Grassi relatou ter criado, em 2016, um projeto para fabricar bicicletas elétricas com produção nacional de todas as peças, inclusive com apoio da Embraer. Segundo ele, o projeto enfrentou entraves tributários que dificultaram a competitividade frente ao modelo chinês, tornando mais viável montar os produtos no Amazonas do que produzi-los integralmente no Brasil.
“Fazer a bike 100% no Brasil eu pagava muito mais imposto, cerca de 80% de imposto, e se eu fizesse a bike inteira na China e montasse na Zona Franca de Manaus, pagava zero. E a parte tributária é tão complicada e tão mal feita que, no final, para eu ser competitivo no mercado, o único jeito, quando eu passasse de um determinado volume, era fazer na China e montar na ZFM. Para fabricar aqui em São Paulo, São José, eu tinha que fazer na China e mandar pra Zona Franca. Não gero o emprego, não gero tecnologia e também não pago imposto”, declarou ele na época.
Di Grassi afirmou que chegou a produzir 300 bicicletas, mas acabou desistindo do projeto ao calcular o investimento necessário para viabilizar toda a operação. “Eu fiz 300 bikes e depois eu desisti porque eu ia ter que investir uns 2 ou 3 milhões de dólares para fazer toda essa operação.”
Ele também criticou a dependência do Brasil em relação à produção de peças e insumos básicos.