Por Ítalo Nogueira/ Da FolhaPress
RIO DE JANEIRO – Com uma arrancada nos últimos dias de campanha, o ex-juiz Wilson Witzel (PSC) chegou à frente na disputa ao governo do Rio de Janeiro com 41,28% dos votos válidos, superando até o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), que registrou 19,53%.
O senador Romário (Podemos), que até o início da semana estava isolado no segundo lugar, ficou em quarto com 8,79%, atrás do vereador Tarcísio Motta (PSOL), com 10,75% dos votos válidos. Witzel chega ao segundo turno após intensificar na reta final de campanha sua associação com o deputado Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) e candidato a senador.
Além das agendas conjuntas, o candidato do PSC ressaltou ao longo de toda campanha bandeiras comuns ao do capitão reformado. Ex-fuzileiro naval, o ex-juiz defendeu na campanha que qualquer pessoa portando um fuzil pode ser “abatido”. Uma de suas propostas é extinguir a Secretaria de Segurança, transformar as polícias Civil e Militar em pastas próprias e assumir, no Palácio Guanabara, a coordenação do setor.
O candidato do PSC aparecia num quarto pelotão das pesquisas até a última semana da campanha, quando se aproximou de Índio e, em seguida, empatou com Romário, segundo colocado nos levantamentos desde o início do processo eleitoral.
O candidato do DEM chega ao segundo turno após buscar, ao longo da campanha, tentar se afastar da imagem do ex-aliado Sérgio Cabral (MDB), preso e condenado por corrupção. Eleito em 2008 graças ao apoio do emedebista, o candidato do DEM passou a tratar a convivência com o ex-governador apenas como institucional. Trocou o MDB pelo DEM e adotou o discurso de que as gestões estadual e municipal eram independentes.
No segundo turno, Paes será alvo de ataques em razão do depoimento de seu ex-secretário municipal de Obras Alexandre Pinto, que afirmou na quinta-feira (4) na Justiça Federal que o ex-prefeito coordenava um esquema de fraude às licitações. Ele também afirmou ter recebido a informação de um executivo da Odebrecht que o candidato do DEM recebia propina.
Até então, Paes era alvo de investigações de caixa dois de campanha em razão da delação da própria Odebrecht –que nunca mencionou propina ou fraude a licitações. É também alvo de delação do marqueteiro Renato Pereira, que o acusa de fraude a licitações e caixa dois eleitoral.O ex-prefeito diz que as acusações são “mentirosas”.
O ex-juiz deverá reforçar sua ligação com a família Bolsonaro. Ele deve tentar o apoio oficial do capitão reformado, que evitou escolheu um candidato ao governo de seu estado no primeiro turno.
Paes deve se manter neutro em relação à disputa presidencial e buscará evitar uma oficialização do apoio de Bolsonaro ao adversário.
Renato Casagrande (PSB) foi eleito governador do Espírito Santo no primeiro turno, neste domingo (7), segundo projeção do Datafolha. Ele volta a ocupar o Palácio Anchieta, onde esteve de 2011 a 2014, antes de ser sucedido pelo atual governador, Paulo Hartung (MDB).
Sem o principal adversário na corrida, já que Hartung decidiu não tentar a reeleição, Casagrande não teve dificuldade para se eleger. O emedebista, que defende a renovação e já governou o estado em outros dois mandatos, de 2003 a 2010, resolveu encerrar a carreira política.
Foi em uma aliança com Hartung que Casagrande se elegeu pela primeira vez, mas romperam em 2014 e foram adversários na eleição daquele ano –o pessebista perdeu no primeiro turno.
Antes de ser eleito governador pela primeira vez, Casagrande ocupou mandatos de senador, deputado federal e estadual. Neste ano, venceu amparado em uma das maiores coligações desta eleição, com 18 partidos, inclusive o PSDB, embora o PSB tenha a orientação de coligar com siglas de centro-esquerda. Segundo o eleito, os partidos não irão cobrar pelo apoio.