Da Redação
MANAUS – O ex-governador interino, deputado estadual David Almeida (PSD), disse que o recurso para a 21ª edição do Festival de Ciranda de Manacapuru (a 84 quilômetros de Manaus) está no cofre do Estado, e que só não repassou para as agremiações no governo dele porque as cirandas estariam inadimplentes.
“Está destacado no orçamento, com empenho e tudo. Só que as associações, pelo que me informaram, estavam inadimplentes, e não poderiam receber recursos”, afirmou David. Por conta do calendário eleitoral e falta de orçamento do Estado, a data da festa já foi adiada por três vezes.
A última data marcada para a festa era 20, 21 e 22 deste mês. Segundo o deputado, o governo dele iria tentar uma nova forma de transferir a verba para as cirandas, mas como sua saída do cargo foi abreviada em uma semana, não foi mais possível. “Mas o recurso está lá para ser feito”, afirmou David.
De acordo com o deputado, o recurso é oriundo de patrocínio da Coca-Cola. A multinacional ofereceu um patrocínio no valor de R$ 600 mil – R$ 200 mil para cada ciranda, disse o ex-governador.
A presidente da ciranda Flor Matizada, Vanessa Mendonça, nega que as agremiações estejam inadimplentes. A dirigente apresentou documentos assinados pela gerente de Orçamento e Finanças da Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultura (AADC), Edna Lúcia Moraes, atestando a regularidade da prestação de conta das cirandas dos repasses feitos em 2015, último ano em que o governo patrocinou a festa.
Segundo Vanessa, já havia uma definição de que o recurso, a exemplo do que foi feito em 2015, não seria repassado por meio de convênio, mas sim por “cota de patrocínio”.
Para Vanessa, o processo não foi concluído na gestão de David por razões políticas. O prefeito de Manacapuru, Beto D’Ângelo (Pros), apoiou nas eleições suplementares o governador eleito Amazonino Mendes (PDT). Enquanto a candidata de David era a ex-deputada federal Rebecca Garcia (PP). Ela ficou em terceiro lugar no município.
Antes de ser cassado, José Melo (Pros) havia se comprometido em repassar R$ 500 mil para cada associação, disse Vanessa. Além da Flor Matizada, integram o festival as cirandas Guerreiros Mura e Tradicional.
Novo governo
O secretário estadual de Cultura, Denilson Novo, afirmou ao ATUAL que é prematuro falar sobre como o governo vai ajudar as cirandas no festival deste ano. Mas garantiu que a festa de Manacapuru é uma das prioridades da gestão de Amazonino.
“Nós vamos atualizar todos os dados, para ver como está a situação de cada uma delas (cirandas), dar toda a atenção, e juntos vamos tentar chegar a um denominador comum para resolver da melhor forma possível”, declarou Denilson. O secretário confirmou uma reunião na semana que vem com representantes das três cirandas.
As cirandas dizem depender da verba do Estado para pagar despesas já realizadas, entre elas, a mão de obra de artistas. Até o momento, as agremiações vinham produzindo suas alegorias e adereços com material reaproveitado de anos anteriores e recursos próprios. Sem o patrocínio do governo, os trabalhos pararam.
Até 2015, não houve falhas no repasse do Estado. Naquele ano, cada ciranda recebeu R$ 600 mil. Em 2016, o festival não recebeu nada, e a festa se resumiu a uma apresentação acanhada, somente com o cordão de cirandeiros.
Tradicionalmente, o Festival de Ciranda de Manacapuru é realizado no último final de semana do mês de agosto. Este ano, por conta do segundo turno da Eleição Suplementar para o Governo do Estado, a festa foi transferida para o final de setembro. Sem o recurso do Estado, o festival foi transferido novamente, desta vez para os dias 20, 21 e 22 de outubro, o que não vai mais ocorrer.
Certidão de prestação de contas da ciranda Tradicional de 2015.
Certidão de prestação de contas da ciranda Flor Matizada de 2015.
Certidão de prestação de contas da ciranda Guerreiros Mura de 2015.