Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – O ex-proprietário da empresa Norte Serviços Médicos, Vitor Vinícius Souto dos Santos, 23, se recusou prestar informações aos deputados da CPI da Saúde na ALE (Assembleia Legislativa do Amazonas), em audiência na tarde desta terça-feira, 28. O presidente da comissão, deputado Delegado Péricles (PSL), suspeita de mais um caso de ‘laranja’ do empresário Frank Andrey Gomes de Abreu que, segundo Péricles, é o verdadeiro dono da empresa.
Sem o depoimento de Vitor Souto, Péricles fez a seguinte dedução: “A vinda do senhor Vitor a esta CPI foi para comprovar e confirmar aquilo que já sabíamos. Ele, mais até do que a senhora Criselidea, porque ela tem um vínculo familiar com o verdadeiro proprietário da empresa Norte Serviços Médicos, mas o senhor Vitor não. Ele foi usado por curto período como proprietário da empresa”.
Os membros da comissão aprovaram um requerimento para convocar o empresário Frank Abreu para depor. “Já coloco em pauta um requerimento para nós chamarmos ainda esta semana, se possível, o senhor Frank Andrey Gomes de Abreu, que é o verdadeiro dono da empresa, responde por ela, inclusive, vai a Susam diversas vezes cobrar pagamento da empresa”, disse o deputado.
A comissão também aprovou um requerimento sugerindo à Susam (Secretaria de Estado de Saúde) a suspensão dos pagamentos dos processos indenizatórios da empresa Norte Serviços Médicos até que Frank Abreu preste esclarecimentos à comissão. De acordo com Péricles, a empresa tem processos deste ano que alcançam R$ 5 milhões.
Calado
No início do depoimento, ao responder informações básicas, Vitor Santos disse apenas o nome completo e que se reservaria ao direito de permanecer calado. Péricles insistiu pedindo que ele informasse o nome completo, endereço, estado civil, mas Santos disse apenas que estava solteiro, que morava em Coari e se recusou a informar a profissão.
Péricles passou a fazer perguntas sobre o processo de compra e venda da empresa da qual Vitor foi proprietário entre setembro de 2019 e fevereiro de 2020. Ao ser questionado se conhecia a antiga dona da empresa, Nayla Tereza de Moraes Silva, Vitor negou. E quando questionado se conhecia Criselidea Bezerra de Moraes, atual dona da empresa, ele se recusou a responder.
O deputado Wilker Barreto (Podemos) afirmou que a comissão já tem informações suficientes para formalizar a denúncia ao MP-AM (Ministério Público do Estado do Amazonas). “Claramente, nós estamos falando de crime organizado. Um jovem claramente utilizado, um segundo laranja, tão ou mais que aquela senhora, de uma empresa que fatura milhões”, afirmou Barreto.
De acordo com Péricles, no ano de 2019, em que Vitor Santos foi dono da empresa, ela emplacou 12 processos indenizatórios, que estão sendo analisados pela comissão. “Então, confirmou aquilo que nós já sabíamos. É mais um dentre muitos proprietários da empresa Norte Serviços Médicos, onde se oculta o verdadeiro dono da empresa (sic)”, disse o presidente da comissão.
Oitiva
O depoimento marcado para esta terça-feira foi a terceira tentativa de ouvir Vitor Santos. Nas duas anteriores, ele não compareceu às audiências, alegando problemas pessoais. Péricles entendeu que o empresário tentava se esquivar das investigações e a comissão aprovou a condução coercitiva dele na última quinta-feira, 23.
No domingo, 26, a defesa de Santos entrou com um habeas corpus no TJAM pedindo a suspensão da condução coercitiva aprovada na CPI da Saúde e para ser ouvido como testemunha por videoconferência. O desembargador plantonista Wellington Araújo se recusou a analisar o pedido alegando que não havia urgência.
Na segunda-feira, 27, Vitor Santos apresentou requerimento à comissão para se apresentar espontaneamente em audiência nesta terça-feira, 28, e o pedido foi aprovado. “Ele (Vitor Santos) seria conduzido coercitivamente amanhã, às 15h, mas entrou com um pedido para se apresentar espontaneamente em um horário a ser definido por essa comissão”, disse Péricles