Da Redação
MANAUS – A desigualdade na conexão digital entre estudantes é tema de um estudo do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) entre dezembro de 2020 e março de 2021, que apresenta os principais desafios dos estados brasileiros ao adaptar o ensino à realidade pandêmica. O Amazonas foi citado no relatório pelo pioneirismo com o Cemeam (Centro de Mídias de Educação do Amazonas) e logo abaixo por não realizar políticas de acesso à internet para alunos e professores.
No Amazonas, mais da metade dos estudantes de escola pública não tem acesso à internet, seja por falta de dinheiro para contratação do serviço ou compra de aparelhos seja por indisponibilidade de rede nas regiões onde vivem. Dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em abril deste ano mostram que, em 2019, 31,2% dos estudantes não utilizaram a internet.
Apesar do Centro de Mídias ser citado no relatório como um “grande exemplo a ser seguido” por outros estados, o Amazonas falhou por não realizar políticas de acesso à internet para os estudantes e professores da rede pública.
“Por serem mais caras, estas soluções puderam ser mais agilmente implantadas por estados com maior capacidade orçamentária, enquanto os demais estados sem experiência e sem orçamento passaram todo o ano buscando soluções criativas, mais baratas ou menos dependentes de tecnologias”, cita o estudo.
Como exemplo de inserção orçamentária em políticas educacionais, o Idec cita o estado do Pará por ter distribuído 105 mil chips aos estudantes do 3º ano do ensino médio, em novembro, com um custo de manutenção de R$ 1 milhão por mês.
A pesquisa mostra que há uma grande desigualdade não apenas no acesso à internet, como também nos tipos de dispositivos usados pelos estudantes para realizar suas atividades na internet.
Além disso, são enumeradas as políticas públicas do governo federal, de estados e municípios que surgiram em resposta à demanda por conectividade que explodiu com a pandemia, mas que se mostraram insuficientes.
O relatório “Acesso à internet residencial dos estudantes” faz parte de uma série de pesquisas sobre os desafios para a universalização da internet no Brasil.