Da Folhapress
SÃO PAULO-SP – O chanceler Ernesto Araújo chamou um estudo de dois pesquisadores do MIT de ‘artigo de blog’. O texto em questão concluiu não ter havido fraude nas eleições presidenciais da Bolívia no final do ano passado, contradizendo a Organização dos Estados Americanos (OEA), que apontou adulteração dos resultados e pediu a anulação do pleito.
“A fraude nas eleições de 2019 na Bolívia foi claríssima e está documentada pela OEA. Agora um artigo de blog questiona isso, no intuito de desestabilizar o processo de transição democrática em benefício daqueles que praticaram a fraude. Compreensível mas inaceitável”, escreveu Ernesto em uma rede social neste domingo, 1º.
Em um artigo publicado no dia 27 pelo jornal americano The Washington Post, Curiel e Jack R. Williams, membros do Election Data and Science Lab (laboratório de ciência e dados de eleições) do MIT (Massachusetts Institute of Technology), questionam a auditoria realizada pela OEA na contagem dos votos da eleição boliviana e afirmam não haver “evidência estatística de fraude”.
Eles realizaram cálculos a partir das tendências de voto no momento em que a contagem rápida, o chamado TREP (que contabiliza atas das mesas), foi interrompida –ela foi retomada apenas dois dias depois. O documento original da OEA relatou que o tempo para que o TREP fosse retomado era suficiente para extravio e queima de atas, duplicação de nomes e outras irregularidades.
Para os pesquisadores do MIT, a quantidade de votos já contabilizados (84%, pelo TREP) antes da contagem mostrava “uma diferença significativa do ponto de vista estatístico”, o que impediria que os resultados fossem diferentes dos anunciados pelo governo.
A conturbada apuração dos votos do pleito de outubro deu início a uma crise institucional que levou à renúncia do primeiro presidente indígena da Bolívia, Evo Morales, que concorria a um quarto mandato. Evo deixou o país em novembro – ele inicialmente viajou ao México e agora está refugiado na Argentina.
Nas semanas seguintes, a senadora de oposição Jeanine Añez se declarou presidente do país e convocou novas eleições para maio, mas a Justiça barrou a candidatura de Evo, que pretendia concorrer a uma vaga no Senado.