Denúncia de agressão de um lado, denúncia de espionagem do outro. Assim começa a semana para os candidatos Eduardo Braga e José Melo
MANAUS – Um vídeo e a denúncia do fotógrafo Joel Reis da Silva ao Ministério Público dando conta de que o senador Eduardo Braga (PMDB), candidato ao Governo do Amazonas, o agrediu e tentou arrancar a máquina fotográfica das mãos dele, esquentaram a campanha eleitoral para o governo do Estado, que até neste fim de semana estava fria, com os principais candidatos cuidando do material de campanha.
No vídeo feito durante uma carreata no município de Maraã, no norte do Amazonas, a 632 quilômetros de Manaus, Braga desce do carro, abraça o fotógrafo e tenta, em seguida, pegar a máquina fotográfica que ele carregava pendurada ao pescoço. Em seguida, o motorista dele, conhecido como ‘Bira’, se aproxima e puxa a máquina, mas não consegue arrancá-la. Nas imagens, aparece, ainda, o deputado federal Sabino Castelo Branco, que salta da carroceria de uma picape e também conversa com o fotógrafo.
Assista ao vídeo
Na segunda-feira, Joel Reis da Silva veio a Manaus e denunciou o caso ao Ministério Público Federal. Na manifestação registrada no MPF, o fotógrafo diz que foi agredido pelo senador e que Sabino o advertiu para que “tomasse cuidado porque ele estava de olho, logo em seguida pôs a mão na cintura, ameaçando pegar uma arma”. Ao MPF, Joel Reis da Silva pede proteção por sentir-se ameaçado.
Braga fala em perseguição
A assessoria do candidato Eduardo Braga divulgou nota negando a agressão e informando que a coligação “Renovação e Experiência” esteve em visita aos municípios do Alto Solimões, neste fim de semana, e constatou que em todos havia uma pessoa filmando tudo e todos. “Objetivo: identificar servidores públicos simpatizantes à campanha de Eduardo Braga para “justificar” futuras perseguições nas repartições e órgãos do governo e da prefeitura”.
“Em todos os municípios recebemos denúncias de que pessoas estão filmando e fotografando em nossos eventos para depois iniciar uma perseguição aos servidores públicos que estiverem presentes. Desta forma, começa a triste e abominável onda de demissões nos órgãos públicos do interior do Estado, assim como aconteceu em Manaus, no início da campanha eleitoral deste ano, quando centenas de servidores perderam o emprego após declararem apoio a nossa chapa”, disse, indignado, o senador Eduardo Braga, segundo a assessoria dele.
A nota diz, ainda, que no caso de Maraã, Eduardo Braga decidiu tomar uma atitude, interrompeu a carreata, desceu do carro e se dirigiu até a pessoa que filmava os participantes do evento. “Argumentei com ele o quanto essa prática de perseguição é injusta, pois cerceia a liberdade de expressão e de manifestação que os brasileiros tanto lutaram para conquistar no período da ditadura. Abracei ele e disse: ‘Porquê você não faz uma imagem nossa? Quem sabe assim você também será perseguido e perderá seu emprego”, lembrou o senador.
A assessoria diz, ainda, coligação “Renovação e Experiência” lançou uma campanha intitulada “Chega de Perseguição”, com o objetivo de “inibir essa prática nefasta que está tomando conta dos órgãos públicos do Estado”.
Confira as imagens enviadas pela assessoria de Braga
Câmera no comitê
Também nesta segunda-feira, o juiz Márcio Rys Meirelles de Miranda, determinou a retirada de uma câmera de segurança instalada há pouco mais de uma semana, em frente a um dos comitês de campanha de Eduardo Braga, no “Manaus Show Clube, na zona norte. A coligação “Renovação e Experiência” acusou o governador José Melo (Pros) de espionagem pela instalação do equipamento, feita pelo Centro Integrando de Comando e Controle (CICC), da Secretaria de Segurança Pública.
O juiz determinou que o governador José Melo, o secretário de Segurança Pública Paulo Roberto Vital e o diretor do CICC, George Chaves, retirem o equipamento em 24 horas depois da notificação.