
Da Redação
MANAUS – Preconceito, busca pela riqueza e pela sorte e homenagens a personalidades do Amazonas e Pará foram mostrados no sambódromo de Manaus pelas escolas de samba do Grupo Especial na noite de sábado e madrugada desse domingo, 3.
A Primos da Ilha, que abriu o desfile, apresentou o enredo ‘Não queremos aceitação, queremos respeito! Se quer falar de cura, cure seu preconceito’. A Comissão de Frente era formada por médicos e pacientes, em clara referência à cura da estupidez cantada no samba da escola.
Tendo como fio condutor o arco-íris, símbolo do movimento LGBTQI+, a escola provocou o público a refletir sobre as diversas formas de preconceito. Destaque do carro abre alas, Izabel Santana representou a mulher empoderada. O carro ‘Tribunais da Internet’ exibiu o universo online e a propagação da intolerância pelas redes sociais.
Andanças de Ciganos
Segunda escola a desfilar, a Andanças de Ciganos fez uma viagem pela riqueza com o enredo ‘Sonho de ser um milionário’, colorindo a avenida de dourado e levando alegorias em referência à importância dada ao dinheiro.
Mestre Felix Kliger inovou com a bateria representando a Burguesia Girondina e interagiu com a ala sincronizada, que simbolizava o golpe de Napoleão ao tomar o poder da burguesia.
Vitória Régia
Em homenagem aos 70 anos do jornal ‘A Crítica’, a Vitória Régia apresentou o enredo ‘Tinta nas veias, a verdade nas mãos: na crítica de Calderaro ‘70 anos’ a voz de uma nação’, que mostrou a trajetória do jornalista Umberto Calderaro Filho até construir o jornal amazonense.
O desfile marcou também o retorno do intérprete Auzier do Samba à agremiação. “O retorno à minha casa é maravilhoso. Fiquei quatro anos fora, mas a Vitória Régia sempre foi a paixão da minha vida, foi onde eu surgi. Estou voltando para ser campeão”, disse Auzier.
Vila da Barra
Evocando a sorte, a Vila da Barra, vice-campeã do Carnaval 2018, entrou na avenida defendendo o enredo ‘Azul e amarelo são as cores do meu amuleto, emociona vila porque hoje a sorte está o seu lado’.
Para chamar a sorte, a comissão de frente, formada por bailarinos de Manacapuru, vestiu-se de roletas. Já o carro abre-alas chegou com rodas da fortuna alusivas aos períodos de boa e má sorte. Ferradura, pé de coelho, trevo de quatro folhas, joaninhas e olho grego enfeitavam as fantasias e alegorias da agremiação.
Roney Cruz, da diretoria da Vila, afirmou que, apesar do tema, a escola não conta só com a sorte. “Na Vila também contamos com empenho, trabalho e dedicação”, disse.
Reino Unido da Liberdade
Em busca do quarto campeonato consecutivo, a Reino Unido da Liberdade fez uma exaltação ao legado cultural deixado pelos povos africanos, com o enredo ‘Tambores, crenças e costumes afro-brasileiros, a benção Mãe Zulmira’.
A comissão de frente apresentou escravos acorrentados e amordaçados à frente de um tripé que representava o navio negreiro. O quilombo de São Benedito, segundo quilombo urbano do Brasil, localizado no bairro Praça 14, também foi representado pela escola do Morro da Liberdade.
Convidada a cantar o samba nas paradinhas da bateria, a torcida respondeu à altura. Os ícones da cultura negra Zumbi e Mãe Zulmira vieram no último carro, fechando o desfile em grande estilo.
Unidos do Alvorada
Com o enredo ‘All-in – Copag pra ver – na passarela do samba a Alvorada dá as cartas’, a Unidos do Alvorada fez uma homenagem à história do baralho, suas origens, mistérios, lendas e magias. A centenária ‘Copag’ foi a homenageada por ser uma das maiores produtoras de cartas de baralho do mundo, tendo sua matriz no Polo Industrial de Manaus (PIM).
A comissão de frente apresentou bobos da corte que, tendo um módulo alegórico como apoio, faziam trocas de fantasias, transformando-se em personagens do baralho.
A Grande Família
Para defender o enredo ‘Eu só quero ser feliz!’, A escola de samba Grande Família fez uma viagem pelo mundo de Murilo Rayol, personalidade amazonense conhecida pela sua alegria e atuação no samba e na poesia. O homenageado participou da comissão de frente, saindo do módulo de apoio para reverenciar o público.
A escola também mostrou que há possibilidade de encontrar a felicidade de diferentes formas, seja com a disposição dos Doutores da Alegria ou com o encantamento dos bois de Parintins, uma das paixões do homenageado.
Aparecida
A Mocidade Independente de Aparecida fechou o desfile defendendo o enredo ‘Égua maninho, espia só! Tem açaí, tem tucupi, tem maniçoba. Tem carimbó, Çairé e Siriá. Tem boto, tem Iara, tem marajó… Encantarias de arrepiar. Tem Ver-o-peso, tem rio e mar, e tem Nazinha a abençoar… A Aparecida vem mostrar que aqui também tem Pará!’, uma grande homenagem ao Estado vizinho.
O desfile marcou também uma possível despedida do carnavalesco e atual presidente da escola, Saulo Borges. “Eu quero sair vitorioso. A escola merece esse título”, disse. A Aparecida deixou o sambódromo já na manhã desse domingo finalizando um desfile recheado de referências aos rios da região, a nomes da cultura paraense e à religiosidade, com uma imagem de Nossa Senhora de Nazaré carregada por um drone.

