BRASÍLIA – Um estudo divulgado nesta segunda-feira 24 pela União Internacional de Telecomunicações (UIT) mostra que a cesta de serviços de telefonia celular no Brasil custa US$ 48,32, cerca de R$ 123. O valor considera um pacote mensal com 30 ligações, entre chamadas feitas para a mesma operadora, para outras empresas e para telefones fixos, além de 100 mensagens de texto por mês.
Considerando o valor da telefonia celular em relação à renda da população, o Brasil está em 119º lugar entre 166 países. O gasto médio da população brasileira com telefonia celular é 4,96%.
Em relação ao acesso à internet, o estudo aponta que os planos de banda larga fixa são acessíveis para cerca de 80% da população no Brasil. Por outro lado, 44% das casas com computador não tinham internet em 2013, por considerar o serviço muito caro. O custo da banda larga para a população mais pobre tem peso 20 vezes maior do que o preço do serviço para os mais ricos.
Na lista que mede itens como acessos e percentual de pessoas usando a internet, o Brasil passou da 67ª posição em 2012 para a 65ª posição no ano passado. Em primeiro lugar aparece a Dinamarca. Na avaliação sobre a telefonia fixa, o Brasil aparece em 110º lugar, com um custo de US$ 24,34 por uma assinatura com 30 minutos de ligações locais.
O Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil) contestou os números da UIT. Segundo a entidade, a diversidade de planos oferecidos pelas operadoras de telefonia faz com que o preço real do minuto de ligação seja bem mais barato do que o apontado pela entidade internacional.
“Caso os valores apontados pela UIT estivessem corretos, a conta média do brasileiro, que gasta em média 132 minutos por mês, seria cerca de R$ 180, ou seja, 25% do salário mínimo. Dados do IBGE mostram que o gasto das famílias com celular é de cerca de 1% da renda. Quem ganha até R$ 830, por exemplo, tem um gasto de R$ 7 por mês com o celular”, aponta o SindiTelebrasil.
A entidade apresentou um outro estudo feito pela consultoria Teleco, em 18 países, mostrando que o preço do minuto do celular no Brasil é oito vezes menor do que o apontado pela UIT. A diferença de preços pode ser explicada pela metodologia utilizada pela UIT, que utiliza os planos homologados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que, segundo o SindiTelebrasil, são uma espécie de preço máximo do minuto da telefonia móvel, e não os valores efetivamente praticados no mercado brasileiro.
O presidente do SindiTelebrasil, Eduardo Levy, diz que foram feitas reuniões com a UIT para pedir modificações na metodologia de pesquisa da agência internacional. “A UIT tem um método de pegar as informações nos sites das agências reguladoras e não leva em consideração as promoções e o dia a dia do Brasil”, argumenta. Como a UIT é vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), a mudança no método precisa ser aprovada por todos os países integrantes da organização.
(Da Agência Brasil)