Da Redação
MANAUS – As alterações no estilo de vida têm piorado a qualidade do alimento ingerido, tornando cada vez mais difícil manter uma rotina sadia. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a maioria da população mundial vive em países onde o sobrepeso e a obesidade matam mais pessoas do que as que estão abaixo do peso.
Só no Brasil, doenças crônicas como a obesidade afetam cerca de 21% da população, de acordo com o estudo “Doenças Crônicas e Seus Fatores de Risco e Proteção: Tendências Recentes no Vigitel”, realizado pelo Ieps (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde).
A pandemia acelerou esse processo ainda mais. Com o isolamento social, muitos brasileiros ingeriram mais alimentos à base de açúcares e sais, além de bebidas alcoólicas.
Para o neurocientista e bioquímico norte-americano Stephan Guyenet, o problema não está necessariamente na falta de força de vontade ou em um entendimento incorreto do que se deve ou não comer. Guyenet afirma que, em vez disso, o apetite e escolhas alimentares são condicionados pela formação cerebral, que fazem parte dos mecanismos de sobrevivência da espécie.
“O cérebro humano está programado para ser motivado por certos objetivos-chave como sexo, água, apoio social, conforto físico e, claro, comida. Atualmente, aprendemos como atingir esses objetivos de maneiras cada vez mais eficazes, e uma das principais consequências desse processo é o fato de que o cérebro se acostumou a liberar dopamina ingerindo alimentos ultracalóricos”, explica.
Em seu livro “Como a comida controla seu cérebro? Superando os instintos que nos fazem comer demais”, traduzido pela Editora AlfaCon, Guyenet conta como esse processo funciona. Com o tempo e as transformações sociais, alimentos ultracalóricos foram incorporados na dieta das pessoas, carregando os mais diversos significados para sua ingestão.
O cérebro entende que aquele alimento resolveu um estado emocional (o ‘gatilho’), e com isso, a dopamina é liberada. “Em termos técnicos, dizemos que seu comportamento foi reforçado”, conta.
Com a evolução da indústria, aparência, sons, cheiros, sabores e localização, ampliam o sentimento de prazer proporcionado ao cérebro, que se acostuma a esse padrão. Segundo o neurocientista ,quanto maior a onda de dopamina, mais motivada a pessoa estará na próxima vez que encontrar esses sinais.
Como controlar os impulsos
“Tudo o que sentimos e todo comportamento em que nos envolvemos – incluindo o que e quanto escolhemos comer – são resultados da atividade cerebral”, afirma Guyenet. Uma pessoa tende a parar de comer quando experimenta uma sensação de saciedade.
O neurocientista explica que para se sentir satisfeito mais rápido, é necessário comer os alimentos certos. Alimentos ricos em proteínas (como carne, ovos e frutos do mar) e fibras (como frutas, feijão e legumes) fornecem mais saciedade por caloria do que alimentos ricos em açúcar, sal e carboidratos simples.
Em seu livro, Stephan Guyenet traz explicações sobre porque o cérebro prejudica o comportamento sobre os alimentos, e os traduz em orientações práticas para comer bem e controlar o peso, se necessário. Ao longo do caminho, o autor explora como o cérebro humano trabalha, revelando como esse órgão torna o ser humano e o que ele come.