Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – Apresentada como solução para a poluição visual gerada por fios de alta tensão e para combater as ligações clandestinas, a conexão por dutos subterrâneos pode reunir diversos serviços essenciais como energia, internet, gás e até água tratada em Manaus, afirma o engenheiro elétrico Rômulo Lobato Rodrigues, ex-gerente da Embratel no Amazonas e Roraima.
Nas últimas semanas, as questões relacionadas à rede de energia repercutiram em Manaus por conta das tentativas frustradas da concessionária Amazonas Energia de instalar um novo modelo de medidor de energia. A empresa diz que o aparelho impede ligações irregulares, mas moradores afirmam que não confiam no novo sistema e que ele gera poluição visual.
A ideia de dutos para fornecimento de serviços é apresentada por Rômulo como uma alternativa ao atual modelo de ligação de energia, que ele chama de “verdadeira teia de aranha”. Segundo ele, a perfuração por máquinas MND (Métodos Não Destrutivos) seriam ideais para a construção das tubulações, pois não exige a destruição de vias públicas. Veja como elas funcionam.
O ex-gerente da Embratel afirma que a tecnologia é capaz de construir a tubulação com dutos separados, como uma colmeia, mas com tamanhos diferentes. “Cada empresa iria dimensionar quantos dutos ela precisaria e iria pagar proporcionalmente a sua participação no projeto em função da quantidade de duto requerido”, afirma o empresário.
No passado, segundo Rômulo, as companhias de telefonia, luz e água em Manaus tiveram a oportunidade de aproveitar as máquinas de lançamento de dutos que estavam na capital amazonense para construir o gasoduto Manaus-Coari. “Vieram grandes máquinas de lançamento de dutos e fibra óptica, incluindo as MND”, afirmou Rômulo.
“Essas máquinas, na época do gasoduto, tinham capacidade de fazer lançamento de um quilômetro de dutos, tanto para tubos para transporte de gás ou petróleo líquido como para transporte de fibra óptica, cargas elétricas de energia e de distribuição de água tratada”, completou o empresário.
A Embratel usou essa tecnologia para conectar a sede da empresa em Manaus a uma fibra óptica que vinha de Porto Velho (RO) até o Careiro da Várzea, pela rodovia BR-319. De acordo com Rômulo, a empresa adotou a perfuração MND para interligar os cabos do Careiro da Várzea a Iranduba. De lá, usou um cabo que já estava existia para completar a conexão até a capital.
Rômulo conta ainda que, na Copa do Mundo de 2014, máquinas MND foram trazidas para Manaus, pois a Telebrás estava construindo dutos para conectar fibra óptica entre os órgãos do Governo do Amazonas. “A gente via que era o grande momento de mudar o perfil da rede de distribuição, tanto de telecomunicações como de rede elétrica, água e gás”, disse.
“A Cigás tinha um projeto de grande capilaridade da rede de gás na cidade, e o projeto dela era todo comtemplado em cima de construção em tecnologia MND, ou seja, utilizando perfuratrizes. Ali na Cidade Nova a máquina de MND chegou antes do viaduto, introduziu o duto, passou por debaixo do viaduto, e saiu lá na frente da Igreja Batista”, exemplificou Rômulo.
Rômulo relata que a Embratel propôs que as empresas de água, energia, gás e internet se reunissem para construir a estrutura. O custo seria dividido entre todas elas. A ideia, no entanto, foi rejeitada pela companhia de energia. “Quem foi contra foi a companhia de energia que disse que [a proposta] não era interessante”, afirmou o ex-gerente da Embratel.
De acordo com o empresário, desde aquela época existe tecnologia para construir a estrutura com segurança e sem destruir vidas públicas, como já ocorreu em condomínios residenciais em Manaus. No entanto, segundo ele, é necessário vontade por parte das empresas de buscar as melhores práticas de gestão do mercado.
“Aqui em Manaus, no Greenwood Park, condomínio de classe média, as redes elétrica, hidráulica e de internet são todas dutadas. Está aqui no nosso ‘quintal’. Por que não se pega os ‘benchmarking’? As melhores práticas? Por que foi pegar a pior prática?”, questiona Rômulo Rodrigues, ao criticar o uso de fios suspensos.
Ainda de acordo com Rômulo, o modelo que esconde as ligações debaixo da terra impossibilita o furto, que tem sido um problema para as empresas. “É quase que humanamente impossível se furtar energia, telecomunicações, gás, água de uma rede subterrânea. Imagina. Como uma pessoa vai ter acesso aos dutos?”, declarou o empresário.
Furto e poluição
As discussões sobre poluição visual e furto de energia se intensificou nesta semana por conta da tentativa da Amazonas Energia de instalar um novo modelo de medidor. O aparelho, segundo a empresa, permite que consumidores acompanhem o consumo em tempo real por um aplicativo, mas a população ainda está insegura em relação a eficiência do dispositivo.
Na semana passada, ao pedir à Justiça a proibição dos novos medidores, o defensor público Christiano Pinheiro afirmou que os aparelhos não permitem ao consumidor saber se sua estação está corretamente ligada, pois estão no alto do poste – há apenas um terminal de leitura embaixo. Além disso, conforme Pinheiro, eles causam poluição ambiental.
Rômulo faz duras críticas ao atual modelo de medidor que a Amazonas Energia tenta instalar. “Eu acho uma aberração se construir essa rede aérea. Não estou questionando da qualidade, se é antifurto… Mas a gente está poluindo o espaço. As pessoas não vão ter mais direito de tirar uma foto de um céu estrelado, de uma lua, de uma nuvem. É coisa absurda”, afirma o empresário.
“Eu até me pergunto: que cidade do Brasil tem esse monstro, essa teia de aranha? Eu espero que isso não aconteça, que não se implante. Eu não gostaria de ter na minha casa pela poluição visual. Quem gostaria de ter na frente da sua casa aquela teia de aranha, aqueles cabos multiplexados, mal feito, mal lançado”, completou Rômulo.
Deve ser o mesmo engenheiro que projetou o viaduto do coroado, do jeito que aqui em Manaus alaga tudo, vai morrer muita gente eletrocutado.
Esse engenheiro tem noção dos custos para implantação?
Estudos da Eletrobras indicam multiplicar por 15 vezes os custos de redes de distribuição. Coisa impensável.
De toda forma não eliminaria os “gatos” de energia, a vantagem visual seria o único ganho.
Parece fácil. Levando em conta uma cidade que cresce DESORDENADAMENTE. O custo disso é altíssimo.
Esse engenheiro deve ter um gato mostro na casa dele , aliás sou a favor da instalação dos novos medidores em todos locais chega da gente tá pagando energia para quem não paga , só quem é contra são gateiros de energia , no bairro da cidade nova que eu moro já tem 1ano vem tudo. Correto minha energia só economizar.
Manaus é a cidade onde se mais furta energia no Brasil, certamente a maioria.
Políticos ou outras entidades que se posicionar à favor da tentativa de resolver isto, teme perder eleitorado ou audiência. Isto é um fato!
Por que não vejo ninguém , nemda mídia ,nem políticos , nem “engenheiros” ,etc dizendo pra colocar painéis solares nas residências e cobrar as parcelas . Isso sim iria reduzir a conta, iria gerar energia excedente pra concessionária , iria fazer Manaus ser a capital brasileira ecologicamente correta na geração de energia, etc.
O Custo de instalação seria muito menor , pois não precisa trocar postes, fios,etc
Estranho ninguém falar disso …