Faltando pouco mais de uma semana para a realização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) o Brasil se prepara para uma verdadeira operação de guerra. Afinal, são aproximadamente 7,7 milhões de alunos inscritos em todos os estados mais o Distrito Federal. Os números do MEC confirmam essa grandiosidade e até chegam a assustar, pois em todo o Brasil serão 18,9 mil locais de prova, distribuídos em 1.714 municípios. Uma operação que ao final terá envolvido 850 mil colaboradores.
Neste universo de números gigantescos o Inep vem fazendo um trabalho que a imprensa vem dando pouca visibilidade: o de inclusão. Na edição deste ano, por exemplo, há atendimentos previstos para participantes com: autismo, baixa visão, cegueira, deficiência auditiva, deficiência física, deficiência intelectual (mental), déficit de atenção, discalculia, dislexia, surdez e surdo-cegueira.
O Inep também se encarrega a dar auxílios, como: apoio para a perna ou pé, auxílio de ledor, auxílio para transcrição, guia-intérprete, intérprete de libras, leitura labial, mesa com cadeira separada, mesa para cadeira de rodas, prova ampliada, prova em Braille, prova super ampliada e sala de fácil acesso.
Em todo o Brasil serão 57.013 participantes que irão receber esta atenção especial, em termos percentuais isso equivale a aproximadamente 0,007% dos inscritos. Uma parcela que se matematicamente parece pouco significativa, na prática não é, pois são pessoas que conviveram durante toda a vida com limitações que as escolas não estavam preparadas para lidar, que para chegarem até o final do ensino médio e, consequentemente, até a prova do ENEM, percorreram um caminho árduo que na maioria das vezes incluiu muito sofrimento e preconceito.
Em entrevista concedida na semana passada a rádio do MEC, o presidente do Inep, Chico Soares, proferiu uma frase que tem repercutido muito bem entre os educadores de todo o Brasil: “Pode ser um número pequeno de pessoas, mas pessoas não se contam. Pessoas se atendem”. A frase foi dita como resposta a uma pergunta sobre o número de participantes transexuais que decidiu optar pelo uso do nome social no Enem. Uma possibilidade implantada pelo Inep a partir desta edição de 2015 que teve a adesão de 278 participantes.
Vale ressaltar que há também a cobertura àqueles que mesmo não possuindo nenhuma necessidade especial, precisam de atendimentos específicos. Como é o caso de estudantes em classes hospitalares, gestantes, sabatistas e idosos. Este ano foram 91.972 inscritos com este perfil.
Números no Amazonas
Em nosso estado tivemos um total de 156.735 inscritos, uma queda de 15,2% em relação a 2014. Desse total 430 são pessoas com alguma deficiência e/ou condição especial. Nos quadros a seguir detalhamos melhor os números de atendimento de inclusão do Enem para o estado do Amazonas, como elemento de comparação colocamos também os números do estado do Pará e os números de todo o Brasil.
É claro que esforço de inclusão não se limita apenas a garantia da participação do aluno na prova do Enem , o verdadeiro desafio para a educação brasileira é garantir a estas pessoas o acesso de forma digna desde a pré-escola, respeitando as suas particularidades e explorando as suas potencialidades. De modo que possam ter assegurado o seu direito a aprendizagem. Neste sentido, professores, coordenadores, diretores, secretários de educação, prefeitos e governadores, não devem medir esforços para que estas pessoas possam se sentir acolhidas nas escolas de todo o país, não interessando se são poucos ou muitos. Afinal, como foi dito antes: “pessoas não se contam. Pessoas se atendem”.