Da Redação
MANAUS – As empresas Basf, LinkedIn, Natura e Visa lançam programa para promover a inclusão social de pessoas trans e travestis por meio do trabalho, cultura, saúde e bem-estar. A iniciativa tem como base a ideia de que “Somos Mais fortes em conjunto” (SOMA). Inicialmente, serão beneficiadas mulheres trans e travestis que vivem no Centro de Acolhida Especial Casa Florescer, em São Paulo (SP).
A população trans é o grupo mais afetado pelo preconceito e pela violência relacionadas à identidade de gênero e orientação sexual: a expectativa de vida dessas pessoas é de 35 anos no Brasil, país que mais mata transexuais no mundo há 12 anos consecutivos, segundo o Trans Murder Monitoring. Além disso, 90% dessas mulheres vivem marginalizadas e recorrem ao trabalho informal, incluindo a prostituição, para sobreviver.
As iniciativas do SOMA vão oferecer conteúdos e dinâmicas, em sua maioria virtuais, compartilhados de forma online para facilitar a transmissão do conhecimento e para respeitar o tempo de aprendizado de cada participante. Também receberão apoio para a busca de oportunidades no mercado de trabalho.
A Startup Wakanda Educação foi convidada a formatar a pedagogia inclusiva, traduzindo os conteúdos para uma linguagem mais conhecida pelas participantes, como, por exemplo, fazendo uso do dialeto Pajubá, muito usado pela comunidade LGBTQIA+.
A jornada de aprendizado foi construída baseada em quatro pilares de conhecimento: Amabilidade (cultura, saúde e autocuidado); Autogestão (introdução à informática, educação financeira, matemática e escrita criativa), Socialização (comunicação eficaz, moda, técnica de vendas, primeiro currículo e primeira entrevista) e Resiliência Emocional (roda da vida, mindfulness, psicologia da felicidade e empoderamento). A BASF contribuiu também com a ferramenta ChatClass, um aplicativo que vai dar suporte para as participantes e viabilizar que o conteúdo seja aprendido de acordo com o tempo de cada uma, respeitando sua individualidade.
“Queremos apoiar essas pessoas a se desenvolverem com autoconhecimento, recebendo ferramentas práticas, despertando um senso de autonomia e pertencimento. E ainda há a possibilidade de envolver nosso ecossistema de parceiros, ampliando o potencial do programa”, afirma Carlos Henrique Almeida, coordenador de experiências do onono (Centro de Experiências Científicas e Digitais da BASF) e o responsável por apresentar a ideia na BASF. “É uma iniciativa extremamente importante, levando em conta a alta vulnerabilidade desse grupo. A diversidade é essencial para a BASF, está entre os nossos princípios desenvolver ações e políticas para fomentar uma cultura inclusiva, uma vez que contribui para a pluralidade de ideias e experiências para a companhia e para a sociedade”, afirma Renata Oki, diretora do negócio de Personal Care para a América do Sul e apoiadora do programa.
Para Milena Buosi, gerente de Diversidade e Inclusão de Natura &Co América Latina, o programa, liderado pelo Natura &Cores, grupo que coordena o pilar LGBTQIA+ da Natura, tem o potencial de resgatar a cidadania e a autoestima de uma população extremamente marginalizada no Brasil ao passo que pode inspirar mais empresas a investir na legitimação dos direitos dessas pessoas e na geração de impacto positivo para a construção de uma sociedade mais inclusiva. “A Natura acredita que a beleza está na liberdade de ser e de amar de cada pessoa. Essa crença está expressa na nossa Política de Valorização da Diversidade, que estabelece ações de sensibilização e de educação para engajar os colaboradores a viver uma cultura de inclusão no dia a dia. São os espaços de diálogo com colaboradoras trans que orientam o desenho dessas jornadas”, diz Milena.